Há precisamente 90 anos, em fevereiro de 1923, era publicada a primeira edição do icónico livro A Idade do Jazz-Band.

Qual tambor vibrantemente percutido a partir do Brasil, António Ferro anunciava assim, aos portugueses o advento de um novo mundo marcado, tal como o frenético Jazz – a novel música do momento –, pela aceleração das rotinas e pela síncope das tradições sociais, políticas, económicas e culturais de um velho regime a que a aurora de mudança do pós Primeira Guerra Mundial frustrara o futuro.

Por ocasião desta efeméride, a Biblioteca Nacional de Portugal apresenta, pela primeira vez, uma exposição integralmente dedicada ao Jazz, reunindo os livros que ao longo dos últimos 90 anos (1923-2013) se publicaram em Portugal sobre este centenário género musical, abrangendo as vertentes de história, ensaio, crónica, biografia, fotografia, banda desenhada e ficção.

Entre os 80 títulos, identificados e selecionados por João Moreira dos Santos (historiador e divulgador do Jazz em Portugal), encontram-se, principalmente, livros em que o jazz é ator principal, mas também obras em que este apenas se vislumbra vagamente – como nos romances de Almada Negreiros e Reinaldo Ferreira, que o encontram e documentam na penumbra dos irreverentes nightclubs da Lisboa dos anos 20 – e até desconhecidos opúsculos dos anos 30 e 40 em que é proscrito como música infernal e maldita…

A este acervo, produzido em grande parte na última década e nos principais centros urbanos (Lisboa, Porto, Coimbra, Angra do Heroísmo, Braga, Guimarães e Viana do Castelo), faltam apenas o livro técnico – aquele que ensina a tocar Jazz, a improvisar – e o livro de temas do cancioneiro de Jazz composto em Portugal, duas tipologias de obras que não conheceram ainda qualquer edição comercial entre nós.

No âmbito desta mostra decorre no dia 7 de Fevereiro, a partir das 18h00, um colóquio sobre o livro de Jazz em Portugal, evento que conta com a participação de José Duarte, António José de Barros Veloso, Raúl Calado (tradutor dos primeiros livros de jazz publicados em Portugal) e João Moreira dos Santos.