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Serviço de Relações Públicas Tel. 21 798 21 68
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Horário
até 14 Julho:
10h00-19h00 / sáb.: 10h00-17h00
a partir de 16 Julho:
10h00-17h00 / sáb.: encerrada
Visitas guiadas orientadas por:
Luís Augusto Costa Dias
Terças e quintas : 14h30*
(sujeitas a
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* as visitas guiadas serão reiniciadas a partir de 18 de Set.
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Jorge Amado em Portugal
EXPOSIÇÃO | 28 Junho - 29 Setembro | Sala de Exposições - Piso 2 | Entrada livre
A BNP assinala o centenário do nascimento de Jorge Amado (1912-2001) com uma exposição sobre os tempos e os modos de receção da sua obra no nosso país, desde o primeiro impacto intelectual, aliás de contornos polémicos, nos anos trinta do século XX, à projeção mediática que correspondeu à divulgação através de famosas séries televisivas e a passagem pelo cinema, após os anos setenta.
Escritor do «romance social», assim foi saudado nos anos trinta desde a edição de País do Carnaval (1931), tal como Cândido Portinari o foi na pintura. E, tanto pela qualidade da obra subitamente revelada como pela prolixidade na sucessão de títulos, então entrados em Portugal exclusivamente através das edições brasileiras, Jorge Amado constituiu principal referência dessa nova descoberta do Brasil, segundo expressão de Joaquim Namorado que viria a ser repetida por António Ramos de Almeida. Correspondeu aqui a uma mediação brasileira nos paradigmas literários do Neorrealismo português, acarretando com isso acesa polémica entre os representantes deste movimento e os escritores alinhados na revista Presença: célebre ficou a disputa entre José Régio, defensor da impossibilidade de projetar um receituário social brasileiro na realidade portuguesa, e Álvaro Cunhal, que empurrou tal polémica para um terreno exterior ao domínio estético-literário. A tais aspetos respeita a primeira secção da exposição, coincidente com a publicação da grande obra que foi Terras do Sem Fim (1943).
A segunda secção parte do momento em que a circulação das obras de Jorge Amado, por via brasileira ou mesmo francesa, começou a ser interditada, tanto mais a partir de Seara Vermelha (1946) e até Subterrâneos da Liberdade (1954). A sua receção atenuou-se nos limbos do silêncio, com raras edições portuguesas, e o escritor foi remetido para o subterrâneo dos processos policiais do Estado Novo, com direito a processo próprio. Após a edição de Gabriela, Cravo e Canela (1958) e a sua fulgurante projeção em todo o mundo, a higiene policial abriu a fresta das edições em Portugal (nomeadamente a deste último romance, publicado em 1960 sob impulso do editor Lyon de Castro e o envolvimento de Alves Redol) e permitiu a vinda do escritor ao nosso país em 1966. A partir daqui, podemos falar de uma cronologia das edições portuguesas: a multiplicação de edições e tiragens, não obstante a persistência policial em contraditar a ausência de censura oficial, permitiu uma receção pública mais alargada, a que não foi estranho o primeiro grande sobressalto da cultura de massas em Portugal nessa década.
Mas foi sobretudo após o 25 de Abril de 1974 que toda a obra de Jorge Amado conheceu integral edição, reforçada e alargada com a adaptação de alguns dos romances a séries televisivas, com um sucesso a raiar a novelofobia, e a versões cinematográficas que tornaram o escritor um best-seller editorial, já com várias chancelas empenhadas no êxito de mercado. Este é o enfoque da última secção da exposição, compreendida também a receção das obras adaptadas audiovisualmente por via da sua divulgação em revistas populares e de sucesso.
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