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Bíblia de Cervera : um Tesouro da BNP no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque
NOTÍCIA | Novembro 2011
A Bíblia de Cervera (Biblioteca Nacional de Portugal, IL. 72) é a peça central em exposição na Galeria da Europa Medieval do Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, de 22 de Novembro de 2011 a 16 de Janeiro de 2012.
O códice é uma das mais antigas e notáveis bíblias sefarditas medievais que sobreviveram às consequencias da destruição de grande parte das comunidades judaicas de Castela e Aragão, a
partir de 1391, e da expulsão dos judeus de Espanha, em 1492, e de
Portugal, em 1498.
Raro exemplo da paleografia hebraica peninsular do seu tempo, a Bíblia de Cervera é um manuscrito sobre pergaminho em língua e caracteres hebraicos, realizada na localidade de Cervera (Lérida, Espanha) em 1299-1300.
O códice é formado por 451 folios (a 2 colunas, 31 linhas) profusamente iluminado a ouro e cores com motivos de arte moçárabe e da religião judaica, compreendendo os livros do Antigo Testamento, a massorah (exame crítico do texto da Bíblia, com notas sobre a escrita, vocabulário, pronúncia e outros comentários) e um tratado gramatical por Rabi David Qimhi (1160?-1235?)..
Para além da antiguidade e da excepcional qualidade técnica e artística, esta Bíblia apresenta notáveis características de identidade que lhe conferem um lugar muito especial na linhagem das bíblias sefarditas.
É um dos poucos exemplos de manuscritos hebraicos datados e assinados, em que surge não só o nome do copista (Samuel Ben Abraham ibn Nathan) mas também, o que é uma rara excepção, a identidade do iluminador (Joseph Asarfati), cada um com a sua página de cólofon.
O cólofon do copista (f. 434) menciona o lugar (Cervera) e as datas de início (30 Julho de 1299) e de conclusão (19 de Maio de 1300) do seu trabalho; originalmente, incluía também a identidade do proprietário do códice, posteriormente rasurado e deixado em branco, provavelmente aquando de uma mudança de dono. Além disso, o nome do copista da massorah é também identificado (Josue ben Abraham ibn Gaon), surgindo inscrito em 20 lugares dotexto massorético.
Estas características relacionam o manuscrito de Cervera com outros importantes manuscritos hebraicos, como a Bíblia de Paris ( BNF, Paris, ms. Hébr. 20, executada em Tudela, Espanha, em 1301), cuja massorah foi escrita pelo mesmo copista (ibn Gaon), e, sobretudo, com a famosa Bíblia Kennicott ( Bodleian Library, Oxford,
Ms. Kenn. 1, executada em La Coruna, Espanha, em 1476) para a qual a Bíblia de Cervera serviu de modelo directo.
Elaborada a uma distancia de 176 anos, a Bíblia Kennicott evidencia um paralelo inequívoco com a de Cervera, tanto no estilo como na iconografia, incluindo aspectos mais raros nas bíblias congéneres do seu tempo, como a página de cólofon do artista iluminador, com o nome inscrito em grandes letras zoomórficas e antropomórficas, que existe em ambos os códices.
Na Exposição do Metropolitan, as páginas da Bíblia de Cervera serão viradas a cada semana, dando assim oportunidade a que os visitantes possam ver várias das suas belíssimas ilustrações.
As imagens mostradas nesta página correspondem aos fólios que vão ser exibidos.
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