O protocolo de doação, pelo qual a família de Natércia Freire entregou à Biblioteca Nacional de Portugal o espólio da escritora, foi assinado na Livraria da BNP no dia 6 de Junho de 2006. A cerimónia contou com a presença da Doutora Maria Cavaco Silva e nela usaram da palavra, além do Director da BNP, Jorge Couto, e da Doutora Isabel Corte-Real, em nome da Família de Natércia Freire, Rui Ribeiro dos Santos, Jorge Reis Sá, António Valdemar e Fernando Pinto do Amaral. A actriz Carmen Dolores encerrou a sessão dizendo alguns poemas escolhidos de Natércia Freire.
Natércia Freire nasceu em 1919, em Benavente, e faleceu, em Lisboa, em 2004. Poeta, compositora musical, ficcionista e jornalista, publicou o seu primeiro livro de poemas,
Castelos de Sonho, em 1938, logo seguido de
Meu Caminho de Luz, em 1939. Cedo se tornou uma voz escutada em Portugal e no Brasil, tendo a crítica
assinalado o seu virtuosismo poético próximo de Florbela Espanca e de Cecília Meireles. Dirigiu durante duas décadas o Suplemento literário “Artes e Letras” do
Diário de Notícias, através do qual ajudou a dar voz a inúmeros autores portugueses, em estreia ou já consagrados, de diversas tendências estéticas. Recebeu o prémio Antero de Quental, em 1947, com o livro
Rio Infindável e o Prémio Nacional de Poesia, em 1971, com
Os Intrusos. Foi conselheira cultural de diversos programas da Emissora Nacional e organizou as “Tardes Poéticas” no Teatro Nacional, em 1962, tendo visto traduzidos para diversas línguas os seus poemas.
O espólio guarda inúmeros documentos pessoais da escritora, entre manuscritos das suas obras éditas e inéditas, vasta correspondência recebida, fotografias, documentos biográficos e um conjunto significativo de manuscritos de terceiros, reflexo da sua actividade como responsável do “Artes e Letras” do
Diário de Notícias, que muito veio contribuir para enriquecer o Arquivo da Cultura Portuguesa Contemporânea da BNP.