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BNP adquire importante mapa manuscrito da Região Diamantina (Minas Gerais, Brasil) datado de 1776

 


A Biblioteca Nacional de Portugal adquiriu o “Mapa da demarcaçaõ Diamantina”, sem autor atribuído, datado de 1776, em leilão organizado pelo Palácio do Correio Velho, que decorreu entre 11 e 13 de Abril de 2011.

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O mapa, com uma representação à escala de cerca de 1:180 000, está ladeado por quatro cartelas, exuberantemente decoradas e aguareladas com colorido muito intenso. A demarcação da Região Diamantina, situada na Comarca do Serro do Frio, na Capitania de Minas Gerais, no Brasil, está assinalada por uma linha verde que circunda a área geográfica contemplada e que, de acordo com a escala do mapa, corresponde a cerca de 5 000 quilómetros quadrados. O centro desta demarcação era o Arraial do Tejuco, actual cidade de Diamantina. A primeira demarcação diamantina foi realizada em 1734 por Martinho de Mendonça de Pina e Proença, tendo sido criada, nesse mesmo ano, a Intendência dos Diamantes, uma administração especial sedeada no Tejuco. Data também deste ano um mapa atribuído aos jesuítas matemáticos Domingos Capassi e Diogo Soares intitulado “Rios e córregos em que se descobriraõ e mineraõ os diamantes” que se encontra na Direcção de Infra-estruturas do Exército, em Lisboa. Esta primeira demarcação foi sendo sucessivamente alargada, à medida que foram sendo feitas novas descobertas de diamantes nas áreas confinantes, de que é exemplo a incorporação do território de Minas Novas em 1757.

Até 1734, a exploração dos diamantes esteve aberta a quem possuía escravos, embora sujeita ao imposto de capitação. A partir de 1740 a exploração foi concessionada a privados através de contratos exclusivos. Em 1771, já durante o reinado de D. José I, e sob a orientação do Marquês de Pombal, foi criada a Real Extracção dos Diamantes, que transformou a exploração destas pedras preciosas num monopólio da Coroa. Conhecem-se para o período posterior a 1771 vários mapas da demarcação Diamantina. Contudo, deste mapa, datado de 1776, apenas se tem notícia de um exemplar, muito semelhante, que integra a Mapoteca do Arquivo Histórico do Exército do Brasil (Rio de Janeiro).

Neste mapa, a rede hidrográfica encontra-se assinalada com grande detalhe, nele figurando não apenas os rios mais importantes, mas também os seus afluentes, bem como secundários cursos de água (“córregos” ou “corgos”) que eram os locais por excelência da exploração dos diamantes. A rede viária está representada, em linhas sépia, por inúmeros caminhos, muitos dos quais confinados pela linha de demarcação. Esta rede apresenta a irradiação de cinco alternativas de estradas, de entrada e saída da região, marcadas em volta do Tejuco. A vermelho estão assinaladas as linhas que enquadram e delimitam a área de influência de nove quartéis (Tejuco, Rio Manso, Inhaí, Andaial, Chapada, Rio Pardo, Gouveia, Paraúna e Milho Verde) que tinham a incumbência de fiscalizar os pequenos ribeiros e evitar o extravio dos diamantes. Estão ainda representadas oito importantes povoações, ou seja, os arraiais do Tejuco, Rio Manso, Inhaí, Chapada, Gouveia, Andrequicé, Milho Verde e S. Gonçalo.

O mapa, que originariamente pode ter feito parte de um anexo da correspondência trocada entre a Real Extracção dos Diamantes, sediada no Arraial do Tejuco, e a Directoria dos Diamantes, em Lisboa, encontra-se dobrado, com vestígios de assim ter permanecido durante muito tempo, facto que, embora possa ter contribuído para a excelente qualidade da fixação das cores que apresenta, acentuou profundamente os vincos de dobragem que, em alguns casos, se encontram fragilizados.

Este mapa é, sem dúvida, um valioso exemplar manuscrito que vem enriquecer a importante colecção cartográfica já existente na BNP.