[Org.] Biblioteca Nacional de Portugal; comis. CEAUL – Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa; pesquisa e catalog. Gina Rafael; texto Margarida Vale de Gato. Lisboa: BNP: Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa: Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2009. 84 p.
Edgar Allan Poe (1809-1849), contemporâneo do extraordinário incremento da circulação da imprensa no século XIX, serviu-se dos meios ao seu dispor para criar uma obra cujos níveis de leitura pretendiam impressionar tanto os círculos de erudição artística como as novas massas leitoras, impulsionando decisivamente modos e géneros como o fantástico, a ficção científica, o policial, o conto, o poema simbolista ou a crítica literária jornalística. Em grande parte devido ao entusiasmo do seu acolhimento em França por nomes como Baudelaire, Mallarmé, Paul Valéry, Paul Verlaine e Antonin Artaud, Poe é hoje património mundial da modernidade literária.
A comemoração do bicentenário do autor em 2009, assinalada por uma série de eventos em diversos países, atesta bem a sua boa aceitação em vários quadrantes literários, desde Jorge Luís Borges, Rubén Darío e Haroldo de Campos na América Latina, até Dostoievsky e Turguenev na Rússia, passando pelo asiático Edogawa Rampo (pseudónimo inspirado na pronúncia japonesa de Edgar Allan Poe), impulsionador do género do mistério importado do ocidente. Em Portugal, o colóquio internacional Poe e Criatividade Gótica, com organização do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (CEAUL), revelou-se uma ocasião para reapreciar diversos aspectos da sua obra, bem como da sua recepção e imagem actual. No mês de Março em que este se realizou, os membros do CEAUL envolvidos neste projecto prepararam uma mostra na Biblioteca Nacional de Portugal que procurou ilustrar momentos decisivos do seu acolhimento entre nós, desde meados do século XIX até aos dias de hoje, resultando dela o presente catálogo.
Texto de Margarida Vale de Gato
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