Coord., pesq. e selec. Gina Rafael, Luís Farinha Franco. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 2008. 72 p.: il.
Conheceu o cárcere e o naufrágio, missões diplomáticas, a amizade de Quevedo e de Castelo Melhor, a Academia dos Generosos, exílios, tranquilidade campesina – vida aventurosa que Camilo viu marcada pelo talento e pela desgraça ao reeditar a Carta de Guia de Casados em 1873. Este juízo, fruto de rara intuição histórica, guarda actualidade, não obstante o trabalho recuperador de Prestage (1914) e outras contribuições posteriores.
De cultura vasta e profunda, servida pelo bilinguismo, deixou produção vultosa de que ele mesmo ensaiou classificação nas Obras Morales – trabalho, aliás, de importância psicológica e sobre o valor e o sentido da existência. Poesia de metro variado e de variado assunto, inclusivamente de teorização.
Da prosa, também rica e vasta, podem lembrar-se o Hospital das Letras nos Apólogos Dialogais, de que sobressai o crítico; as cinco Epanáforas de Vária História Portuguesa, em que se impõe o historiógrafo; ou a Carta de Guia de Casados, a ver com outros textos do tempo…; e o teatro, a epistolografia – um dos nervos literários do Seiscentismo – e ainda obras menores – menores pela extensão que não pela qualidade – publicações póstumas, obras perdidas, a crítica de atribuição, os pseudónimos…: eis quanto se pretende aflorar nesta breve evocação.
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