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Cartas inéditas de Ramalho Ortigão a Henrique Rezende Dias de Oliveira adquiridas pela BNP
A Biblioteca Nacional de Portugal adquiriu no leilão do Palácio do Correio Velho (Abril de 2007) um importante conjunto documental relativo a um dos homens de letras mais relevantes do universo contemporâneo da Geração de 70. José Duarte Ramalho Ortigão (1836-1915), um dos derradeiros sobreviventes dessa plêiade de escritores, entrou no novo século acentuando a reverência tradicionalista que caracterizara já os tempos finisseculares de uma geração literária que a si mesma se considerou «vencida». Coincidentemente, confere a pose aristocrática numa fotografia que, entre os materiais leiloados, a BNP adquiriu.
Os últimos anos de Ramalho Ortigão, que correspondem ao seu posicionamento contrário à instauração da República de 1910, constam justamente de uma série de 44 cartas e cartões inéditos que o celebrado autor de Farpas enviou ao seu amigo e jovem diplomata Henrique Resende Dias de Oliveira, exilado em França e na Suíça após a queda da monarquia. Apesar de reconhecer numa das primeiras missivas que os republicanos «são indiscutivelmente mais competentes» e «menos reles que os últimos políticos da monarquia», Ramalho não deixa de relatar, por exemplo, bem ao estilo demolidor das antigas Farpas, os incómodos sofridos pela nova «força pública, representada por oito cidadãos de revólver à cintura, à ordem do Exmº governador civil, [que] invadiu a minha casa, rebuscou gavetas e armários, remexeu camisas, gravatas, luvas e papéis, e fez-me o favor de terminar constatando que eu não tinha padres escondidos nem munições de guerra depositadas nas minhas estantes».
O presente núcleo junta-se a outros conjuntos documentais que, como os manuscritos diversos de Eça de Queirós recentemente incorporados, vêm completar os espólios literários à guarda do Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da BNP.
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