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As origens intelectuais da revolução portuguesa - as causas dos livros, Expresso, 16 julho 2024

 

 


As origens intelectuais da Revolução - as causas dos livros

Jornalismo

CICLO DE DEBATES | 4 dez. '24 | 17h00 | Auditório | Entrada livre

 

A BNP associa-se ao cinquentenário do 25 de Abril, organizando o Ciclo de Debates “As Origens Intelectuais da Revolução Portuguesa – as causas dos livros".

 

O exercício a que nos propomos na última sessão do ciclo Origens intelectuais da Revolução Portuguesa: as causas dos livros é ingrato; qualquer escolha deixará à margem livros igualmente relevantes. Contudo, o objectivo não será tanto proceder à canonização de títulos, mas abrir a porta à discussão.

 

No campo do jornalismo e ensaísmo, por si só um campo que necessita ser problematizado, quisemos privilegiar a recepção dos títulos. Tal não significa que tenhamos escolhido livros amplamente lidos, embora alguns, com certeza, o tenham sido. A julgar pela rapidez com que novas tiragens ou edições se sucederam, terão sido, pelo menos, muito comprados. Tal é o caso de Sociedades e Grupos em Portugal (1973), de Maria Belmira Martins, ou  Investimentos estrangeiros em Portugal (1973), de Luís Salgado de Matos.

 

Outros foram apreendidos e reeditados - muito rapidamente, em alguns casos -, depois de Abril de 1974; o que representa outra forma de aceder a dimensões da sua recepção. Temos em mente Emigração e crise no nordeste transmontano (1973), de António Modesto Navarro, reeditado em 1976, Os políticos e o poder económico (1969) e Diário Político (1969) ambos de Raul Rêgo, editados pelo autor em 1969, apreendidos pela DGS durante o período eleitoral desse ano, e reeditados num só volume em Junho de 1974. Não podemos esquecer aqueles cuja apreensão manifesta claramente o desconforto que provocaram, como o álbum Raízes da nossa força (1973), de Helena Neves e Alfredo Cunha, ou Portugal sem Salazar (1973), no qual Mário Mesquita divulga as visões políticas de exilados como Manuel de Lucena, José Medeiros Ferreira ou António Barreto. Outros ainda foram preteridos pela editora original, que temia a apreensão da edição, como foi o caso de A Censura e as leis de Imprensa (1973), de Alberto Arons de Carvalho, que acabou por ser publicado pela Seara Nova. Finalmente, escolhemos igualmente livros que tiveram como formato inicial peças publicadas em jornais, adquirindo posteriormente este formato, caso de França: a emigração dolorosa (1965), de Nuno Rocha, e Revolução, meu amor (1970), de Maria Antónia Palla.

 

Duas questões saltam imediatamente à vista: uma certa sub-representação feminina,  justificável pelas condições de acesso à profissão durante o Estado Novo, e a ausência de Mulheres do meu país (1948-1950) de Maria Lamas, que seguramente tutelará a discussão. Esta exclusão foi uma escolha consciente, suscitada por uma questão que nos colocamos à partida: até onde podemos procurar as ditas origens?

 

Mas será possível encetar sequer esta discussão sem mencionar a guerra colonial? No rescaldo de mais um 10 de Junho, Raúl Rêgo identificava, no seu Diário Político, a guerra colonial como o problema principal do regime. Um elefante na sala, com o qual se convivia mediante um perpétuo monólogo dominado pelo regime. Jornalistas houve que, muitas vezes às expensas das forças armadas, se entregaram a essa tarefa, oferecendo o seu contributo para o monólogo prevalecente. Mas será que este tipo de obras nos pode oferecer uma contra-narrativa? Propomos iniciar este debate a partir de Angola, os dias do Desespero (1961), de Horácio Caio; livro que chegou às 12 edições em menos de dois meses (será que as fotografias que contém e o facto do autor ser uma figura televisa ajudam a explicar este fenómeno?), onde, a par de uma visão do regime sobre a guerra, se vislumbram detalhes sobre o funcionamento da censura ou o falhanço de parte do projecto colonial português. Mais do que uma discussão sobre os méritos ou desméritos de cada um dos títulos seleccionados, propomos uma discussão integrada sobre questões como a censura, a guerra colonial, a emigração, a estrutura económica do regime - nomeadamente a sua concentração industrial - e os sintomas de mudança social, alargando ou reformulando o conjunto de textos que as convocam. Quais foram, se é que existiram, as origens intelectuais da revolução no campo do jornalismo?

 

 

Moderadora: Rita Luís

 

Convidados: Isabel Ventura, Afonso Dias Ramos, Helena Neves, Ricardo Noronha

 

 

 

SESSÕES ANTERIORES

 

25 setembro | Opções Políticas | Moderador: António Costa Pinto | Convidados: António Araújo, Henrique Monteiro, Jaime Nogueira Pinto, José Neves, Rita Carvalho, Tiago Fernandes.

 

9 outubro | Literatura Anticolonial | Moderador: Isabel Castro Henriques | Convidados: Aurora Santos, Bernardo Cruz, José Augusto Pereira, Manuela Ribeiro Sanches, Nuno Domingos e Víctor Barros.

 

30 outubro | História e Ciências Sociais | Moderador: Victor Pereira | Convidados: João Leal, Jorge Pedreira, Maria de Lurdes Rosa, Miriam Halpern Pereira

 

20 novembro | Literatura | Moderadora: Inês Brasão | Convidados: Ana Isabel Queiroz, Ana Margarida Martins, João Pedro George, Rui Lopo e Rui Pina Coelho

 

 

 

Coordenação: António Costa Pinto, Victor Pereira, Inês Brasão, Rita Luís

 
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