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Ciência e Cultura. Quebrar fronteiras

Feminino e feitiço, a interpretação afirmativa da falta

CICLO DE SEMINÁRIOS | 21 out. '24 | 14h30-16h30 | Sala de Formação | Entrada livre

 

 

Resumo

 

Jacques Lacan e Jacques Derrida defendem no Feminino algo de arredio à castração, uma abertura, uma incompletude, que relacionam à estrutura da linguagem e ao saber inconsciente. Trata-se de uma abertura do Feminino, num processo de interpretação desconstrutora, ou seja, afirmativa, superando o campo de oposições duais característico do saber metafísico, racional ou científico. Baseada nessa leitura, procuro problematizar filosoficamente, a partir da Psicanálise, os conceitos de fetiche, falo e castração.

 

Situo a origem do termo fetiche na palavra portuguesa feitiço, no discurso dos mercadores portugueses na Costa ocidental de Africa, entre os séc XV e XVI e proponho, como a psicanalista Maria Belo, a utilização do termo em português, justamente porque a língua em que se fala é importante para trabalhar as questões do inconsciente.

 

A partir do texto Fetichismo (1927) de Freud, usando feitiço para traduzir fetiche, aprofundo a ideia da interpretação de sintomas, de sonhos, enfim, do inconsciente e do ilógico, como leitura de texto. Face ao reconhecimento de que esses feitiços essencializante(1) (por exemplo, a feminilidade, o valor da verdade, a essência da mulher) funcionam como lugares de ancoragem e racionalidade ocidental, que servem para superar uma certa angústia hermenêutica, como sair da fixação desses feitiços, como inventar outras inscrições e deslocamentos sem desvalorizar ou banalizar o processo de interpretação?


(1) A expressão fetiches essencializantes é de Jaques Derrida, em Esporas, os estilos de Nietzsche (2014, p.37).

 

 

 


Sobre a autora

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Joana Lamas é psicanalista e membro do Centro Português de Psicanálise - Associação Lacaniana Internacional, desde 2006. Psicóloga especialista em Psicologia Clínica e da Saúde, com especialidade avançada em Psicologia Comunitária e Social e em Psicoterapia atribuída pela Ordem dos psicólogos portugueses, exercendo a sua prática clínica desde 2001.

 

Desde 2008 trabalhou como psicóloga com populações marginalizadas, nomeadamente no Instituto da Droga e da Toxicodependência, posteriormente no Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, em ambos os serviços com população toxicodependente e suas famílias, em aconselhamento e intervenção em Redução de Danos e Minimização de Riscos, posteriormente exerceu funções como técnica de Emergência Social.

 

Atualmente encontra-se a realizar o doutoramento de Filosofia, especialidade estética, no IFILNova, desde 2023.

 

 

Coordenação: Adelino Cardoso e Nuno Miguel Proença