Poucos dias após o 25 de Abril uma «explosão de visualismo» inundou o espaço público sob a forma de graffitis/pichagens, murais e cartazes. Uma iconografia revolucionária que nas palavras de E.M. de Melo e Castro, "Assim, Portugal se transformou num enorme Poema visual, que todos os dias, durante dois anos, se transformou, porque todos podiam escrever e escreviam: porque todos sabiam ler e liam" (1).
A produção e a colagem massiva de cartazes, em particular nos anos de 1974 e 1975, foram o instrumento preferencial de afirmação e consolidação dos novos protagonistas políticos e sociais, partidos políticos, sindicatos, comissões de moradores e de trabalhadores, associações cívicas e de dinamização cultural, etc. Cruzando os domínios artístico e utilitário, os cartazes afirmaram causas, doutrina e discurso político, esclarecimento, agenda e anúncio de iniciativas.
A montagem-colagem de cartazes, proposta de (re)criar uma alegoria ensaio da iconografia revolucionária de 1974-1975, tem a intenção de mapear de modo anómico uma série de eventos, assuntos, debates políticos e expectativas do período revolucionário em curso. O cartaz político raramente passa à posteridade, responde ao imediato, tem um caracter efémero e uma condição de baixa cultura.
Essenciais como fonte iconográfica para a história deste período, Ernesto de Sousa, em maio 1975, afirmou a necessidade de repensar os cartazes enquanto objetos de uma nova cultura:
Quando digo que as paredes são um acto cultural positivo é porque elas reflectem não só a capacidade produtiva de quem comete as acções mas também as necessidades de quem as vai receber, esta linguagem vivíssima, que é extremamente bela, é produzida para satisfação imediata de uma necessidade profunda de comunicação. Quem cola um cartaz não satisfaz apenas uma necessidade sua, mas está a satisfazer as necessidades sua e dos outros.(2)
Paulo Catrica
CONVERSA e VISITA GUIADA
A Revolução em Cartaz. O Cartaz em Revolução
Sob o mote inspirador de Ernesto de Sousa: Quem cola um cartaz não satisfaz apenas uma necessidade sua, mas está a satisfazer as necessidades sua e dos outros, a conversa junta diversos designers com o objectivo de discutir o cartaz político, tendo como referência os cartazes do período 1974-75 e a exposição/instalação A Revolução em Marcha, os cartazes do PREC 1974-1975. Com a presença de Frederico Duarte, Manuel Paula, Sofia Gonçalves e Aurelindo Ceia (a confirmar). Mariana Pinto dos Santos e Paulo Catrica moderam a conversa.
Todas as visitas guiadas às exposições em exibição na Biblioteca Nacional de Portugal são de entrada livre, mas sujeitas a inscrição prévia, através de manifestação de interesse para o email
Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar
.