Caminhos da Historiografia: história e ciências sociais dos anos 40 à atualidade
A revolução de 25 de abril de 1974: historiografia e
políticas de memória
7 SEMINÁRIO I 16 abr. '24 I 09h30-18h45 I Auditório I Entrada livre
O seminário terá transmissão streaming. Pode entrar na sessão AQUI
Quando no final dos anos 50 e princípios de 60 se tornou evidente uma crise no regime do Estado Novo, logo acompanhada do início da guerra colonial, a historiografia portuguesa dava já sinais de renovação, em contacto com as práticas e teorias que noutras geografias se iam desenvolvendo. O Dicionário de História de Portugal (1963-71) de Joel Serrão, foi então uma expressão dessa mudança que se vinha desenhando desde o pós-guerra. E embora houvesse valiosos desenvolvimentos no campo da Economia, da Geografia e da Linguística e sinais de interesse por outras ciências sociais e humanas como a Sociologia e a Antropologia, em comparação com outros casos europeus, as limitações institucionais e políticas impunham fortes restrições à prática destas disciplinas (não raro confundidas com política). No entanto, o interesse pelas ciências sociais foi-se desenvolvendo extraordinariamente em círculos restritos: no ISCSPU, GIS, na SEDES, em alguns casos nas Faculdades de Letras de Lisboa, Porto e Coimbra, sem esquecer historiadores expatriados.
A seguir à revolução de 1974, verificou-se uma verdadeira explosão da procura de cursos no campo das ciências sociais e humanas: impunha-se compreender não apenas o passado próximo mas esse mesmo tempo de aceleração da história que foram os anos de 1974-75 com a descolonização, a agudização dos conflitos sociais e políticos, a construção de instituições democráticas, os intensos debates acerca de Portugal no mundo, num contexto internacional que era ainda de Guerra Fria, confrontando-se então múltiplos caminhos possíveis.
50 anos depois do 25 de Abril, impõe-se estudar em que sentidos se alargaram os estudos neste tão diversificado campo do conhecimento. Como se caracterizaram as políticas adotadas para o ensino superior? Que transformações ocorreram nas Universidades portuguesas dos anos 60 à atualidade? E nos centros de investigação financiados pelo Estado? Que temas foram mais explorados e debatidos antes e depois do 25 de Abril? Que tópicos foram esquecidos, alguns deles quase demonizados até aos anos 70 (o passado próximo, os conflitos sociais, as minorias e culturas subalternizadas, etc.) e, já depois da revolução e até aos anos 90 (caso de Império e da colonização)? Que orientações teóricas e modelos dominaram a agenda dos investigadores? Annales, marxismo, estruturalismo, pós-estruturalismo, Nouvelle histoire, linguistic-turn, micro-história, etc. E mais recentemente, que áreas e debates têm mobilizado os historiadores e outros cientistas sociais: história global (mas que conceitos se confrontam a este respeito?), estudos sobre mulheres, minorias religiosas, minorias étnicas, relações ocidente-oriente, artes, história conceptual, etc.
Pretende-se aprofundar o conhecimento sobre as orientações e práticas adotadas pela história e por outras ciências sociais e humanidades em Portugal desde os anos 40 do século XX, num ciclo de 7 seminários mensais de acesso livre, mobilizando múltiplos centros de investigação histórica e investigadores de modo a mobilizar jovens investigadores interessados em apresentar resultados das suas investigações. E no final publicar um livro que reúna os melhores trabalhos apresentados e debatidos nos seminários.
Coordenação: Irene Vaquinhas (CHSC-UC) e Paulo Fontes (CEHR-UCP)
Comissão Organizadora: Sérgio Campos Matos (CH-FLUL), Maria Alexandre Lousada (CH-FLUL), Ana Mónica Fonseca (CEI-ISCTE), Pedro Martins (IHC-FCSH/UNL) e Maria Inácia Rezola (Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril).
Comissão Científica: Cristina Clímaco (Paris VIII), Fernando Martins (CIDEHUS-UE), Irene Vaquinhas (CHSC-FLUC), João Arriscado Nunes (CES-UC), João Paulo Avelãs Nunes (CEIS20-FLUC), José Manuel Lopes Cordeiro (CICS-UM), Luís Filipe Barreto (CH-FLUL), Luís Trindade (CEIS20-FLUC), Maria João Vaz (CIES-ISCTE), Nuno Estêvão Ferreira (CEHR-UCP), Nuno Gonçalo Monteiro (ICS-UL), Nuno Bessa Moreira (CITCEM-UP), Paulo Fontes (CEHR-UCP), Susana Serpa Silva (CHAM Açores).
São financiados, por fundos nacionais, através da FCT - Fundação para a Ciências e a Tecnologia, I.P., os seguintes centros de investigação: CEIS20 (Ref. UIDB/00460/2020); CH-UL (Ref. UIDB/04311/2020 e UIDP/04311/2020); CHAM (Ref. UIDB/04666/2020); CHSC (Ref. UIDB/00311/2020); CICS.NOVA (Ref. UIDB/04647/2020 e UIDP/04647/2020); CIDEHUS (Ref. UIDB/00057/2022); CIES (Ref. UIDB/03126/2020); CITCEM (Ref. UIDB/04059/2020); ICS (Ref. UIDB/50013/2020, UIDP/50013/2020 e LA/P/0051/2020); IHC (Ref. UIDB/04209/2020, UIDP/04209/2020 e LA/P/0132/2020).
SEMINÁRIOS
Seminário 7:Coordenadores: João Arriscado Nunes (CES-UC); José Manuel Lopes Cordeiro (CICS-UM)
Local: BNP; Data/Hora: 16 abr. '24 | 09h30-18h30 | Programa
Mais do que uma data, o 25 de Abril é o nome por que ficou conhecido o processo que abriu a democratização e transformação da sociedade portuguesa e o fim do império colonial. Marca uma divisão da história do Portugal contemporâneo em duas eras, um "antes" e um "depois" do 25 de Abril.
50 anos passados sobre o evento, somos desafiados a explorar as diferentes formas de construir, conservar, interpretar e mobilizar a sua memória, com uma atenção particular às contribuições historiográficas e, de maneira mais ampla, das humanidades e ciências sociais nesse processo. Entre a memória histórica afirmada em momentos de comemoração, a construção de arquivos e lugares de memória, a sua presença na criação cultural e na educação e a investigação e produção historiográfica, sociológica e das humanidades, este seminário constitui-se como um espaço de partilha, de debate e de discussão de orientações a seguir para a ampliação e aprofundamento do conhecimento histórico e científico-social sobre o 25 de Abril, a Revolução Portuguesa, a democratização e descolonização associadas a esse evento histórico e a construção da memória social e política do Portugal contemporâneo.
Seminário 6: O que resta da interdisciplinaridade? Historiografias, ciências sociais
e humanidades
Coordenadores: Irene Vaquinhas (CHSC-FLUC), Paulo Fontes (CEHR-UCP)
Local: UL-UP; Data/Hora: 12 mar. '24 - 09h30-18h30
Seminário 5: Instrumentalização do passado, comemorativismos e outras ritualizações. Historiografia e Nacionalismos
Coordenadores: Pedro Martins (IHC-FCSH/UNL); Susana Serpa Silva (CHAM Açores)
Local: UAçores; Data/Hora: 20 fev. '24 - 09h30-18h30
Seminário 4: Historiadores expatriados e historiadores estrangeiros
Coordenadores: Cristina Clímaco (Paris VIII); Fernando Martins (CIDEHUS-UE)
Local: UÉvora; Data/Hora: 9 jan. '24 - 09h30-18h30
Seminário 3: Historiografias e historiadores. Orientações teóricas e práticas
Coordenadores: Luís Filipe Barreto (CH-FLUL); Nuno Monteiro (ICS-UL)
Local: FL-UL; Data/Hora: 5 dez. '23
Seminário 2: Políticas de ensino e história nas universidades, academias e instituições privadas
Coordenadores: Nuno Estêvão (FCH-UCP); J.P. Avelãs Nunes (CEIS20-FLUC)
Local: FL-UC; Data/Hora: 7 nov. '23
Seminário 1: A história no espaço público. O mundo da edição e dos mass-media; museus e exposições
Coordenadores: Luís Trindade (NOVA FCSH / IN2PAST); Maria João Vaz (CIES-ISCTE)
Local: BNP; Data/Hora: 18 out. '23 - 09h30-18h45 | Programa
A presença do passado no espaço público tem acompanhado as transformações políticas e culturais na sociedade portuguesa do último século. Consoante o contexto, o conhecimento da história foi entendido como uma dimensão do nacionalismo, como instrumento de consciencialização política, como género de entretenimento, como forma de integração de sujeitos sociais, como aspeto da patrimonialização e do turismo. Paralelamente, a presença pública da história refletiu a evolução dos mass-media, do mundo editorial e da museologia. O contacto de públicos não especializados pôde ter ocorrido de formas tão diversas como as atualidades cinematográficas, programas televisivos de divulgação, peças de teatro sobre temas históricos, ou, mais recentemente, toda uma série de recursos digitais; as Histórias de Portugal generalistas e os best-sellers historiográficos; as grandes exposições e os museus temáticos em torno de diferentes aspetos da história e do património do país.
Neste colóquio, procuraremos refletir sobre as formas de presença da história no espaço público português, da década de 1940 até à atualidade. Serão discutidas questões relacionadas com a edição e a mediatição televisiva, os murais e os arquivos, bem como uma série de abordagens a diferentes formas de museologização de passados violentos e traumáticos, como o autoritarismo, o colonialismo e a revolução.
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