Biblioteca Nacional de Portugal
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Folha de sala | set. - dez. '23
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Histórias da história da Biblioteca Nacional
Atribulações da estátua de Dona Maria I, de Machado de Castro
DESTAQUE | 28 set. - 5 set. '23 | Sala de Referência | Entrada livre
Histórias contadas em pequenas mostras com destaque para alguns episódios curiosos da vida da Biblioteca Nacional durante a sua existência de mais de 200 anos. Os documentos e objetos investigados e expostos darão voz a aspetos pouco conhecidos de um património onde há muito para descobrir.
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Quando, em 1782, aos 51 anos de idade foi elevado por alvará a escultor da Casa Real, Joaquim Machado de Castro havia percorrido uma longa e esforçada ascensão, de obscuro artífice que iniciara atividade ocupando-se «em fazer figuras de pau e barro, e consertar órgãos por dinheiro», a cavaleiro da Ordem de Cristo (1778), professor, logo mestre-geral da Aula e Laboratório de Escultura (1782) e aclamado vencedor de concursos públicos para obras que doravante marcariam impressivamente a história da arte portuguesa. De origens muito humildes, estabeleceu-se ainda jovem em Lisboa como aprendiz nas oficinas de Nicolau Pinto e José de Almeida, o Romano, transitando para o estaleiro de Mafra, onde ficaria até à década de 1770. Depois, recebeu da Corte encomendas de presépios e disseminou labor pelas quintas reais de Belém e de Caxias e pelo jardim do palácio do marquês de Pombal, antes de ser consagrado pela realização da estátua equestre de Dom José I na Praça do Comércio (1775), a que se seguiu o conjunto escultórico para a Estrela - última basílica erigida na Europa do Antigo Regime - e de três alegorias ao Conselho, à Generosidade e à Gratidão existentes no palácio da Ajuda.
Em 1783, recebeu Machado de Castro do novo titular da Secretaria de Estado dos Negócios do Reino, marquês de Ponte de Lima, a encomenda para uma estátua da Rainha destinada à quinta da Cerca que este possuía nas proximidades de Mafra. O ministro ofereceu-a à Real Biblioteca Pública da Corte, onde ocupava as funções de Inspetor Geral. A estátua passaria doravante a ocupar lugar de destaque no vestíbulo de entrada da Real Biblioteca Pública da Corte, então situada no segundo andar da ala ocidental da Praça do Comércio, onde permaneceria até 1837, quando a instituição se mudou para o convento de São Francisco da Cidade, extinto em 1834. Ao longo do século XIX, a peça sofreu consecutivas mudanças na novel Biblioteca Nacional, mas em 1911, no quadro da mudança de regime, os maus-tratos que sofreu ocasionaram acesos debates parlamentares e polémica na imprensa após denúncia de Edgar Prestage.
Finalmente, em 1968, preparando-se a mudança da Biblioteca Nacional para o novo edifício do Campo Grande, foi o primeiro objeto a ser transportado para as novas instalações, encontrando-se hoje exposta no terceiro piso, junto à Área de Reservados da BNP.
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