Os almanaques, em circulação na Europa desde o século XV, continuam a fascinar os pesquisadores. A diversidade e a variedade de formatos e de conteúdos convidam a refletir sobre o processo de produção e circulação desses impressos que, inseridos em diferentes contextos socioculturais, atenderam a múltiplas demandas e expectativas. Esta "enciclopédia anual" remete para a importância de se identificar idealizadores, colaboradores, distribuidores, enfim, a rede formada em torno dessas publicações, que informam acerca das condições vigentes no mundo dos impressos em diferentes momentos históricos.
A grande difusão dos almanaques, por sua vez, coloca questões relativas às formas como foram lidos e utilizados. A mescla diversificada de que eram compostos - saberes e tradições populares, novidades científicas, dados históricos, elementos religiosos, produção literária, conselhos úteis, informações do calendário civil, religioso e agrícola, atividades recreativas, como charadas, adivinhações e logogrifos - gerou um repertório que contribuía para que seus leitores formulassem interpretações e apreensões do mundo que os cercava.
A despeito do olhar crítico que acompanhou esses impressos, consagrado na expressão "cultura de almanaque", cumpre lembrar que, sobretudo entre o final do século XIX e o início do XX, a fórmula ganhou novos elementos, com os almanaques destinados a públicos específicos, caso, por exemplo, dos literários e administrativos.
Objetos culturais plurais e complexos, os almanaques são fontes preciosas, que ensejam aproximações analíticas plurais, como bem indica a programação do Colóquio.
Programa
12 de julho
10:00-10:15 Abertura
10:15-11:15 Conferência
Apresentação: Tania Regina de Luca
Revisitando a literatura de almanaques: itinerância, performatividade, memória, tradição, Eliana de Freitas Dutra (UFMG)
11:30-12:30 Mesa 1 - Mulheres e/em almanaque(s)
Apresentação: Francisco Topa
Almanaques e mulheres: um encontro feliz, Vanda Anastácio (ULisboa/CEC)
Anália Vieira do Nascimento e família no Almanaque de Lembranças, Beatriz Weigert (ULisboa/CLEPUL)
14:00-15:30 Mesa 2 - O Almanaque de Lembranças nos projetos do CLEPUL e seus parceiros (BNP, CICS.NOVA, RGPL, UNESP)
Estudos regionais e globais: Rio Grande do Sul, Madeira, Açores; Colaboradores, Vania Chaves (ULisboa/CLEPUL)
Os periódicos na seção «Publicações recebidas» do Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, Tania Regina de Luca (UNESP)
A presença de escritores brasileiros na seção Publicações Recebidas do Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, Sílvia Maria Azevedo (UNESP)
16:00-17:00 Conferência
Apresentação: Vania Pinheiro Chaves
Tópicos musicais no Almanaque de Lembranças: a música no quotidiano burguês luso-brasileiro do longo século XIX, Rui Vieira Nery (NOVA FCSH/INET-MD)
13 de julho
10:30-12:30 Mesa 3 - Almanaque de Lembranças Luso-brasileiro e Almanaque Luso-Africano
Apresentação Maria Eunice Moreira
Charadistas de Angola no Almanaque de Lembranças e no Almanaque Luso-Africano, Francisco Soares (CITCEM)
Os passatempos no Almanaque de Lembranças, Marta Rodrigues (CLEPUL)
A presença das línguas crioulas no Almanaque Luso-Africano, Débora Leite (CLEPUL)
Casimiro de Abreu no Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, Francisco Topa (UPorto/CITCEM)
14:00-16:00 Mesa 4 - Produção e circulação de almanaques no Brasil
Apresentação: Sílvia Maria Azevedo
A árvore das patacas: a Parceria Antonio Maria Pereira na impressão, edição e circulação de almanaques no Brasil, Débora Dias (NOVA FCSH/CHAM)
Lembranças de almanaques no Grão-Pará Oitocentista, Lucilena Gonzaga (UFPA)
O Almanaque Popular de Porto Alegre, Maria Eunice Moreira (PUCRS)
O Almanaque do Paraná - Marilene Weinhardt (UFPR)
16:30-17:30 - Conferência
Apresentação: Ernesto Rodrigues (ULisboa)
Almanaques como instrumento político, João Luís Lisboa (NOVA FCSH/CHAM)
Organização: Vania Pinheiro Chaves, Tania Regina de Luca, Évelin Guedes