No geral, estas cerimónias visavam fortalecer as instituições políticas e religiosas e disseminar determinadas imagens sobre o poder e a sociedade, para, dessa forma, reforçar a coesão social, tanto na metrópole como nos territórios ultramarinos. Todavia, estas práticas também podiam expressar imaginários políticos, sociais e religiosos diferentes, neles se manifestando a variedade, as tensões e as contradições do império.
Muitos destes eventos foram registados em relatos manuscritos e impressos, ou em imagens que fornecem descrições mais ou menos detalhadas dos seus participantes e públicos (europeus e não-europeus), dos objetos utilizados, e dos itinerários locais. Nessa medida, constituem lentes privilegiadas para explorar dimensões das experiências imperiais portuguesas que nem sempre se encontram noutro tipo de documentação histórica. Esse é o caso, por exemplo, de rituais que ocorreram paralelamente aos que são privilegiados pelas fontes narrativas.
A partir de relatos impressos e gravuras, e de objetos animados de outra imagética que expandem as leituras que aqueles encerram, a exposição Rituais Públicos no Império Português (1640-1821) tem como objetivo refletir sobre as questões acima referidas.
Para o fazer, propõe-se um itinerário assente em três conjunturas políticas: a época da Restauração, o século XVIII de D. José I, e o período que medeia entre a partida da corte brasileira para o Rio de Janeiro e a Revolução Liberal de 1821.
Cada um destes núcleos representa momentos distintos das experiências políticas ocorridas no império português e das linguagens rituais que lhes estiveram associadas: a recuperação da autonomia política e, com ela, a exaltação de uma determinada imagem da monarquia portuguesa; um período de estabilidade política expressa, também, na cultura imperial; e o período inaugurado pelas invasões napoleónicas e as convulsões políticas e geopolíticas que lhe estiveram associadas.
Tendo como cenário estas conjunturas, a exposição privilegia três eixos de análise: os imaginários políticos e religiosos dominantes; as paisagens sociais que se vislumbram a partir das narrativas rituais, desde as lógicas mais gerais de hierarquização social, até à maneira como as quatro partes do mundo e os seus habitantes aí eram apresentados; e as paisagens urbanas destes relatos, nomeadamente as descrições dos espaços que acolheram tais eventos e os itinerários formais aí referidos.
Dessa forma, torna-se também possível entender as transversalidades tópicas nas linguagens rituais, bem como as variações conjunturais e estruturais, quer devido aos contextos políticos, quer resultantes dos contextos geográficos e socioculturais nos quais as celebrações tiveram lugar.
Com esta exposição dá-se também a conhecer o riquíssimo espólio de textos impressos existentes na Biblioteca Nacional de Portugal, na Biblioteca Pública de Évora e na Biblioteca da Ajuda, assim como as novas ferramentas de análise de muitos destes relatos que ficarão disponíveis no site do projeto Rituais Públicos no Império Português (1498-1821).
VISITAS GUIADAS
Todas as visitas guiadas às exposições em exibição na Biblioteca Nacional de Portugal são de entrada livre, mas sujeitas a inscrição prévia, através de manifestação de interesse para o email
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29 julho | 11h00 | Joana Fraga
12 agosto | 11h00 | Ângela Barreto Xavier
25 agosto | 11h00 | António Camões Gouveia
8 setembro | 11h00 | Joana Fraga
14 setembro | 16h00 | Ângela Barreto Xavier
22 setembro | 14h00 | António Camões Gouveia
4 outubro | 14h00 | Ângela Barreto Xavier, António Camões Gouveia e Joana Fraga
ENSAIO ABERTO
Homenagem ao trompete natural - Os Músicos do Tejo na BNP, no âmbito do encerramento da exposição - dia 7 de outubro, pelas 17h00 no átrio do Anfiteatro.
Este ensaio aberto versará sobre o funcionamento do maravilhoso instrumento que é o trompete, sobre as suas particularidades e um pouco sobre o seu repertório, nomeadamente aquele que era tocado pelas trombetas do rei D. José I (também chamadas de Charamela Real).
Com a participação dos trompetistas Steve Mason, Óscar Carmo, David Burt ePedro Monteiro.
Comissários: Ângela Barreto Xavier, António Camões Gouveia e Joana Ribeirete de Fraga
Esta exposição foi financiada por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto PTDC/HAR-HIS/28364/2017.