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Biblioteca Nacional de Portugal

Serviço de Actividades Culturais

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1749-081 Lisboa

Portugal

 

Serviço de Relações Públicas
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Horário

2.ª - 6.ª;  09h30 - 19h30

sáb.: 09h30 - 17h30

 

 

Folha de sala

 

 

Visitas guiadas por José Luis Garcia
20 jan. - 18h00

29 jan. - 11h00

5 mar. - 11h00

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Mário Domingues e «a rebelião negra» / Artigo e entrevista na TSF

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Apoio:


 


Mário Domingues

Anarquista, cronista e escritor da condição negra

Mostra │14 jan. - 28 mar. ’22 │Sala de Referência | Entrada Livre

> As visitas à BNP obrigam à desinfeção das mãos e ao uso de máscara durante a permanência no edifício.

 

A mostra centra-se na obra de rebelião negra de Mário Domingues, jornalista, cronista e escritor, realizada com palavras, argumentos e uma história de coragem no Portugal de há um século. Nascido na antiga colónia portuguesa de São Tomé e Príncipe, a 3 de julho de 1899, Mário Domingues, com apenas 20 anos de idade, começou a escrever regularmente no diário anarcossindicalista A Batalha e noutros periódicos, e destacou-se como um dos primeiros a defender abertamente, em Lisboa, a independência das colónias portuguesas em África. São textos onde o jovem Mário Domingues, adotando a causa libertária, se manifestou contra a exploração dos trabalhadores, a dominação colonial, o racismo, a opressão sobre as mulheres e a tirania política do colonialismo moderno, em defesa da dignidade, da cultura e das organizações da população negra e africana.


«Colonização», publicado a 9 de setembro de 1919 em A Batalha, inaugurou um caminho de Mário Domingues no diário lisboeta, que o conduziu, nos últimos anos da Primeira República portuguesa, a ser a voz mais audível na esfera pública contra o racismo, pela emancipação dos negros e de oposição cívica e moral ao colonialismo português. Um caminho que percorreu como pôde e enquanto pôde, publicando um vasto conjunto de artigos e de obras de ficção, até à instauração da repressão às liberdades, da perseguição policial, administrativa e judicial e da imposição da censura oficial por parte do regime do Estado Novo de Salazar, que institucionalizou a ditadura e fortaleceu o projeto colonial uns anos depois do golpe militar de 28 de maio de 1926.


Com a instituição do regime ditatorial de Salazar, seguiu na vida intrépida e insegura de subsistir da venda dos livros que escrevia. A extraordinária pseudonímia de Mário Domingues é sinal de um percurso empreendido num dos momentos mais decisivos da sua existência quando resolveu manter-se unicamente como escritor profissional, audácia que o terá levado a dissimular-se sob pseudónimos estrangeiros, com os quais assinou mais de uma centena de romances policiais e de aventuras extraordinárias.


A presente mostra traz a público, por meio de documentos, fotos e da reprodução de artigos de imprensa e de livros, a vida e obra de Mário Domingues, nas suas diversas facetas: a de grande expoente, durante a Primeira República, do movimento negro em Portugal e da oposição moral e política ao imperialismo e ao colonialismo português no jornal A Batalha; a de jornalista negro no Detective e no Repórter X; a de novelista e romancista; a de escritor de livros de aventura e evocações históricas. Voltar à história e às publicações de Mário Domingues pode alumiar as regiões obscurecidas do que ficou recalcado na memória e ajudar a compreender o âmago do que significou a dominação imperial moderna. Cerca de um século depois de terem sido escritos e difundidos, é tempo de os textos e de a figura de Mário Domingues serem conhecidos, discutidos e estimados.

 

José Luis Garcia (ICS |  Universidade de Lisboa)
Tânia Alves (ICS | Universidade de Lisboa)
José Neves (IHC|NOVA|FSCH)