Biblioteca Nacional de Portugal
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Horário
2.ª - 6.ª; 09h30 - 19h30
sáb.: 09h30 - 17h30
Folha de sala
Obras de João da Rocha acessíveis na BND
Apoios:
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João da Rocha: um escritor a descobrir
MOSTRA | 8 out. - 30 dez. ’21 | Sala de Referência | Entrada Livre
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O centenário da morte de João da Rocha é uma oportunidade para redescobrir um escritor que se notabilizou em muitas áreas: ensaio, conto, poesia, estudos históricos, fundação de periódicos, etc. Da mesma geração de Raul Brandão e de António Nobre, de quem foi amigo próximo, a escrita de João da Rocha revela os seus interesses literários, espiritualistas e filosóficos.
Como contista, contribuiu para o género fantástico na literatura portuguesa. Os dois livros que dedicou a este género procuram descrever situações-limite. O primeiro deles tem o título de Memórias de um «Médium» (1900). Com uma estrutura muito original, depois de um ensaio inicial, que reflete sobre as limitações do conhecimento humano e sobre o Positivismo oitocentista, segue-se o diário de um homem jovem a quem acontecem fenómenos excecionais. O segundo livro (Angústias, 1901) é uma coleção de histórias de pessoas que tentam alcançar a felicidade: médicos, príncipes, mendigos, ascetas, etc. A angústia é para o escritor «a sede do que nos foge», e o que está sempre a fugir da vida das pessoas é a ventura ou felicidade. O texto final deste volume, «No Céu», é uma rara cosmologia metafísica da literatura portuguesa, uma descrição imaginária da totalidade do universo, porque, segundo o escritor, «A Criação é Deus a respirar».
Na poesia, o registo lírico é muito intimista, como acontece no volume Nossa Senhora do Lar (1900), em que o poeta aspira à companhia de uma mulher e de crianças que possam perpetuar o amor. Sinal do espírito polifacetado de João da Rocha, há que acrescentar a poesia com objetivos didáticos, nomeadamente a que foi publicada postumamente (Canções portuguesas para as escolas, 1980), e populares (709 poesias de reclamo à Casa Brasileira, 1977).
Como ensaísta, destacam-se os seus estudos sobre as Descobertas, nomeadamente sobre o Infante Dom Henrique e sobre o navegador Gonçalo Velho.
Para além de ter colaboração dispersa por muitas publicações (Aurora do Lima, Miosótis, Os novos, O Povo, Revista de Hoje, etc.), João da Rocha fundou e dirigiu o jornal Folha de Viana e a revista cultural Límia. Há muitas páginas do jornal que foram integralmente escritas pelo escritor, assinando os textos, de um lado, com o seu nome, e, de outro lado, com o pseudónimo. Por sua vez, a revista, para além do valor da participação de escritores ilustres (Sampaio Bruno, João de Barros, Júlio Brandão, Dom João de Castro, Júlio Dantas, Leonardo Coimbra, Antero de Figueiredo, Augusto Gil, Manuel Laranjeira, Philéas Lebesgue, Jaime de Magalhães Lima, Justino de Montalvão, António Correia de Oliveira, António Patrício, Teixeira de Pascoaes, Henrique de Vasconcelos, José Leite de Vasconcelos, João Verde, Afonso Lopes Vieira, Sousa Viterbo, etc.), tornou-se famosa por ter adotado uma ortografia inovadora da língua portuguesa, onde, por exemplo, a letra «h» deixa de ser usada (v.g. a palavra «homem» passa a «omem»), por sugestão de Cláudio Basto e teorização de A. R. Gonçalves Viana. João da Rocha foi também presidente do Instituto Histórico do Minho, sendo também recordado o seu contributo para o combate contra o analfabetismo, no âmbito das atividades da Liga de Instrução de Viana do Castelo.
Obras publicadas Nossa Senhora do Lar (1900); Memórias de um Médium (1900); Angústias (1901); A Família de Bento Barbosa de Barros, capitão-mor de Vila-Cova-à-Coelheira – Notas genealógicas (1903), de colaboração com o irmão, mas fora do mercado; A Guerra Peninsular (1908), com ilustrações de Álvaro V. Lemos; Homens e Árvores (1908); Portugal e as Invasões Francesas (1909); A Lenda de Sagres – Observações a um opúsculo do mesmo título, de J. Tomé da Silva (1915), com o pseudónimo de «João Ninguém»; A Lenda Infantista – Observações a um estudo do Sr. Dr. Teófilo Braga (1915), separata de artigos publicados no jornal Folha de Viana; 5.º Centenário da Abertura do Caminho marítimo da Europa à Índia – 1416-1916 – I. Um Centenário que passa – II. Para além do Bojador (1916); Frei Gonçalo Velho (1916); O Descobrimento da Terra-Alta – 1416-1916 – Estudo apresentado em 9 de Março de 1916; A nossa Terra e a nossa Gente (1917).
Manuel Curado
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