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Ver é Ser Visto. Fragmentos Essenciais,

de Eduardo Lourenço

LANÇAMENTO | 29 jun. ’21 | 18h00 | Auditório | Entrada livre (limitada a 21 lugares, com inscrição prévia para Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar )

Lançamento de antologia de textos de Eduardo Lourenço sobre as principais questões e autores sobre os quais refletiu. Uma edição Gradiva, com seleção de Guilherme d’Oliveira Martins e prefácio de José Tolentino Mendonça. A sessão conta com as intervenções de José Carlos Vasconcelos, Guilherme d’Oliveira Martins e do editor.


«Os textos que constituem a presente escolha procuram abranger momentos importantes do percurso do  autor, começando pela definição da atitude independente e heterodoxa e pela referência fundadora da relação com a Europa e com o diálogo que então nos faltava (1949), colocando essa reflexão na continuidade de quantos portugueses recusaram fechar se dentro das fronteiras, desde os renascentistas aos românticos, como Garrett e Herculano, até à complexa atitude de Antero de Quental e da sua geração, de quem se sentiu tão próximo sempre.

E nesta linha repensa Portugal (num contexto existencial), interpreta a conferência de Antero sobre as «Causas da Decadência», interroga Oliveira Martins, analisa criticamente o papel dos mitos, desconstrói a saudade e o sebastianismo, encontra  se com Camões enquanto referência cultural, e mergulha numa reflexão sobre Fernando Pessoa. A existência mítica e os caminhos vários que abre foram uma preocupação permanente do ensaísta, em busca da diversidade, da porta aberta, do melting pot português, das aventuras e desventuras migrantes, do País entre a realidade e o sonho, da língua projectada universalmente. Mas o sentido crítico, sempre muito agudo, levaria à reflexão sobre a Europa desencantada.

E, por fim, nesta recolha é ainda possível encontrar a relação pessoalíssima do ensaísta com a poesia. Hölderlin diria «o que permanece / os poetas o fundam». A amizade com Carlos de Oliveira obriga a explicações sobre «o sentido e a forma da poesia neorrealista», a crítica e a metacrítica aprofundam a atitude criadora do autor, Camões é símbolo da nossa cultura e Antero revela a tensão essencial (bem presente neste ensaísmo) entre o pensamento e a utopia.

Eduardo Prado Coelho falou de uma nostalgia da unidade e do absoluto em Eduardo Lourenço. Num texto inédito de 1954, publicado pela revista Relâmpago (n.o 22, 4  2008) («Ísis ou a Inteligência»), o ensaísta diz: «a mitologia é a verdade dispersa, túnica rasgada de um deus morto a quem só podemos ressuscitar juntando com paciência piedosa todos os pedaços. Essa tarefa é superior às nossas forças». É essa interrogação permanente sobre os mitos que nos revela uma das facetas mais originais do autor. Se bem virmos, é a desconstrução de mitos, como a saudade e o sebastianismo, ou como os excessos contraditórios sobre a nossa identidade, que permite avançar no sentido de uma ideia de emancipação individual ou colectiva.»

Guilherme d’Oliveira Martins