Dez anos após a sua morte, esta homenagem a Alfredo Margarido reúne amigos, familiares e colegas que procuram relembrar, através de múltiplos depoimentos, uma figura multifacetada, um pensador livre e crítico, um intelectual generoso e polémico. A sessão, moderada por Isabel Castro Henriques, inclui também a projeção de um documento fílmico gravado nos últimos anos de vida do autor, intitulado «Polifonia Incompleta - Voz Crítica, Olhar Poético».

Alfredo Margarido (Moimenta-Vinhais, 1928 - Lisboa, 2010) foi um intelectual completo e inquieto. Ficcionista, poeta, ensaísta, tradutor, pintor, investigador, professor, jornalista, crítico literário, deixou uma obra vasta, complexa e pluridimensional.

Tradutor de Faulkner, Joyce, Steinbeck, Nietzsche, Kafka e muitos outros, desenvolveu ainda trabalhos de investigação e estudos em torno da obra de Pessoa e de outros escritores portugueses, da história e da antropologia de África e das literaturas africanas de língua portuguesa.

Publicou estudos variados como A Introdução do Marxismo em Portugal (1850-1930), em 1975, Estudos sobre Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, em 1980, As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos, em 1994, A Lusofonia e os Lusófonos: Novos Mitos Portugueses, em 2000, tendo colaborado em inúmeras publicações, das quais se destacam Árvore, Cadernos do Meio-Dia, Jornal do Fundão, Jornal do Ribatejo, Jornal de Letras, Persona ou Colóquio/Letras e Colóquio/Artes, tendo ainda dirigido o suplemento literário do Diário Ilustrado.

A ele se deve a divulgação e introdução em Portugal do Nouveau Roman. Viveu em África durante os anos 50, o que contribuiu para o seu anticolonialismo convicto.

Exilado em Paris desde 1964, formou-se na École des Hautes Études en Sciences Sociales, onde foi investigador e professor, tendo também lecionado nas Universidades de Paris I, VII e VIII. Depois do 25 de Abril de 1974, regressou a Portugal, passando a lecionar em universidades portuguesas e mantendo também uma presença assídua no ensino, em universidades brasileiras. Em 2009, foi homenageado pela Universidade de Lisboa e pela Universidade Lusófona e, em 2012, pela Biblioteca Nacional de Portugal, que integra o seu espólio no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea.