Lançamento da obra de Maria Leonor Machado de Sousa, numa edição da editora Caleidoscópio, com apresentação por José Miguel Júdice.
A história dos trágicos amores de D. Pedro I e Inês de Castro, que ao longo dos sete séculos já passados não deixou de inspirar obras de todas as artes, que constantemente se renovam, suscita muitas vezes o espanto de quem avalia a permanência do interesse por ela. O nosso primeiro cronista, Fernão Lopes, terá percebido as razões desse fascínio: «fallamos daquelles amores que se contam e leem nas estorias que seu fundamento teem sobre verdade. Este verdadeiro amor ouve elRei Dom Pedro a Dona Enes».
A imaginação, a contaminação de lendas, um sem número de experiências e variantes foram acrescentando pormenores mais ou menos fantasistas que por vezes acabaram por ser tomados como autênticos. Mas há elementos indesmentíveis: dois registos contemporâneos da data e do modo da morte de Inês, a guerra e o tratado de paz entre D. Pedro e o pai, a trasladação para Alcobaça e a realidade dos túmulos onde finalmente repousaram os dois amantes.
O estudo que agora permitiu uma atualização até 2019 e a recuperação de obras até aqui desconhecidas pôde trazer muitas novidades, de várias épocas, lugares e autores. O objetivo inicialmente tentado de ver como a Europa absorvera esta tragédia amorosa (o episódio mais conhecido da história de Portugal) pôde agora dar a volta ao Mundo. Pensando que a força deste drama continue a atrair os investigadores, é de esperar que estes pormenores venham a ser desenvolvidos e até confirmados na sua realidade.
A história de Pedro e Inês é uma tragédia verdadeira que veio dar força ao mito do amor para além da morte.
Maria Leonor Machado de Sousa, Licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1954. Em Fevereiro de 1974 passa a integrar o corpo docente da recém-criada Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou em Ciências Literárias. Já como Professora Catedrática, viria a criar o Departamento de Estudos Anglo-Portugueses. Em 1981 criou o Centro de Estudos Anglo-Portugueses, actual CETAPS, que orientou até à sua aposentação em 2001, dirigindo desde o início a Revista de Estudos Anglo-Portugueses. Lançou na Faculdade o Mestrado de Estudos Anglo-Portugueses. É Académica de Número da Academia Portuguesa da História. Foi 2ª Vice-Presidente no triénio 2002-2004. É membro do Conselho Supremo da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. Colaborou em várias iniciativas, como formação de intérpretes de conferência (CEE), Ano Propedêutico, IPED, Universidade dos Açores e Aberta. Em 1988 foi nomeada Vice-Reitora da Universidade Aberta, em 1990 Directora da Biblioteca Nacional, lugar de que pediu a demissão em 1996. É vice-presidente da assembleia geral da fundação Inês de Castro desde a sua criação. Manteve uma actividade variada em diversas linhas de pesquisa: estudos comparados, viajantes, mitos portugueses, estudos de cultura e literatura inglesa e portuguesa, Modernismo Português, Fernando Pessoa, Garrett, literatura tradicional, literatura de terror e Romantismo. Desde a década de 1980, tem-se focado essencialmente no estudo da formação e projecção do episódio de Pedro e Inês, tendo organizado várias exposições, feito várias conferências e publicado vários livros e artigos sobre o assunto.