Apresentação por Teresita Gutierrez Marques (Maestrina do Coro de Câmara de Lisboa), Manuel Pedro Ferreira (Presidente do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical, FCSH, UNL) e António Jorge Marques (Investigador do CESEM, FCSH, UNL).
A notoriedade internacional do compositor luso-brasileiro Marcos Portugal (Lisboa, 1762 – Rio de Janeiro, 1830), sem paralelo na história da música em Portugal ou Brasil, alicerçou-se na sua obra dramática que, a partir de 1793, conheceu centenas de produções e milhares de récitas em praticamente todos os teatros europeus com tradição de ópera italiana. Estes sucesso e popularidade motivaram dezenas de edições, em especial em Inglaterra e Alemanha.
A partir dos anos 20 do século XIX as óperas de Portogallo (assim era conhecido internacionalmente) desapareceram dos palcos. A extensa produção religiosa do compositor, ao invés, manteve-se em repertório até à segunda década do século XX, sendo conhecida sobretudo em Portugal e Brasil. Neste contexto, é extraordinário que quatro obras religiosas de Marcos Portugal tenham conhecido a letra impressa em Inglaterra e França durante o século XIX: 1.
Missa [P 01.17] (1783-4, publicada parcialmente em 1822 por Vincent Novello (1781-1861), organista e mestre na Capela da Real Embaixada Portuguesa em Londres); 2.
Te Deum [P 04.08] (1802, editado parcialmente por Novello em c. 1818 e 1822); 3.
O quam suavis [P 05.11] (publicado em Londres por Richard Butler, c. 1840); e 4.
Tantum ergo [P 04.04] (publicado em Paris (1864) por Pierre-Louis-Philippe Dietsch (1808-1865), compositor e mestre de capela na
Église de la Madeleine).
As edições críticas destas quatro obras, em versões para vozes e órgão ou vozes e baixo contínuo, foram publicadas em 2017: António Jorge Marques, Marcos Portugal (1762-1830): publicações de música religiosa no século XIX | 19th century sacred music editions, Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal/Coro de Câmara de Lisboa/Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical.
O CD ora lançado, que contou com o apoio financeiro da D. G. Artes, é o seguimento lógico das edições críticas referidas, visto que contém precisamente as quatro obras atrás mencionadas (livreto em português/inglês).
António Jorge Marques