No bicentenário do nascimento de dois vultos maiores da Literatura dos EUA do séc. XIX, esta mostra icono-bibliográfica pretende mostrar o impacto e a receção das obras de Herman Melville (1819-1891) e de Walt Whitman (1819-1892). Ilustra a dialética entre o leitor e a obra literária, da resposta de várias gerações de criadores a um texto, de como o público em geral reage ou interpreta o sentido da palavra, informado pelo seu passado cultural e pelas suas experiências de vida. Afirma também a relação atlântica EUA – Europa, e a passagem oceânica como comunicação transformadora entre culturas.
Herman Melville (1819-1891), autor de obras tão emblemáticas como os romances
Moby-Dick (1851) e
Billy Budd, Sailor (1924), ou dos contos "Bartleby, the Scrivener" (1853) e "Benito Cereno" (1855), é um exemplo comum do escritor que não encontrou o seu público entre os contemporâneos que o receberam. Leviatã entre os autores americanos pela sua ambivalência literária, a sua ficção não é passível de ser reduzida a um simples princípio orientador. Ela possui tanto de real como de imaginário e como tal é de difícil acomodação nos cânones literários. Os textos de Melville são um microcosmos do mundo em expansão no seu tempo, forte em temas associados ao mar e seus frequentadores, todos eles presos num mundo claustrofóbico e avassalador, um
puzzle a decifrar, um enigma a desvendar.
Poeta, ensaísta e jornalista,
Walt Whitman (1819-1892) é um dos mais célebres escritores dos Estados Unidos. Percursor do verso livre e do modernismo, Whitman, o auto-denominado “bardo Americano,” canta na sua poesia a totalidade da existência humana, soando um hino à igualdade e à solidariedade de onde emana uma visão audaz da democracia.
Leaves of Grass (1855-1892), vasto poema orgânico que foi crescendo ao longo da sua vida em sucessivas reedições, foi a sua obra mais notável. Esta exposição procura materializar a relevância de ambos autores nas artes visuais e nas letras portuguesas, concentrando-se em aspetos como a receção da sua obra em periódicos e traduções, estudos literários e biográficos, sendo a relação entre Fernando Pessoa e Walt Whitman o caso mais ilustre.
Com curadoria de Edgardo M. Silva, Isabel O. Martins, Margarida Vale de Gato, Marta Soares, Rute Beirante e Teresa Seruya, a mostra resulta de uma organização conjunta do Grupo de Estudos Americanos do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (CEAUL) e da Biblioteca Nacional de Portugal. Integra-se num conjunto de eventos e atividades entre os quais se inclui o Congresso Internacional
«Over_Seas: Melville, Whitman and All the Intrepid Sailors» (3 a 5 de Julho de 2019, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa).