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> Oh, Vida, sê bela! Alberto de Lacerda (1928-2007)

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Apoio: 


Oh, Vida, sê bela! Alberto de Lacerda (1928-2007)

EXPOSIÇÃO | 12 out. '17-13 jan. '18 | Sala de Exposições e Mezzanine | Entrada livre
COLÓQUIO / INAUGURAÇÃO | 12 out. '17 | 18h00 | Auditório | Entrada livre

 

Dia 12 out. '17

 

18h00 - encontro com a participação de Fernando J. B. Martinho e José Manuel de Vasconcelos, moderado por Luís Amorim de Sousa

 

19h00 - inauguração da exposição

 

 

Alberto de Lacerda viveu quase sempre no estrangeiro e foi esquecido. Porém, nunca se esqueceu de Portugal. Pelo contrário, levou a nossa cultura para junto de gente que, de Portugal, nada sabia. Esse é um dos problemas que se apresenta no que respeita à tarefa de divulgar a vida e obra do poeta Alberto de Lacerda (1928-2007). É preciso ir encontrá-lo, situá-lo no seu tempo e dar-lhe o contexto de uma vida vivida e celebrada por outros.


Nascido na Ilha de Moçambique, em 1928, o jovem Alberto de Lacerda, mau aluno liceal, partiu para Lisboa aos 18 anos com o projeto muito vago de estudar francês e inglês. O seu objetivo mais concreto era a publicação de um livro de poesia, Ponte suspensa, que, pouco depois, Luís de Montalvor se comprometeu a editar. O projeto foi frustrado pela morte inesperada do editor.

Cinco anos mais tarde, tendo-se entretanto relacionado com o melhor do nosso meio literário e publicado nas revistas literárias mais destacadas de então, partiu para Londres munido de um contrato de trabalho de três anos como locutor da BBC. Algo surpreendentemente, o meio cultural londrino acolheu-o sem reservas. Foi em Londres que Alberto de Lacerda publicou o seu primeiro livro, 77 poemas, numa edição bilingue lançada pela casa Allen & Unwin.

Ao jovem poeta foram chegando convites para colaborar no Times Literary Supplement e noutras revistas literárias: The Listener, The Spectator, Encounter, Botteghe Oscure, Cahiers des Saisons. De Portugal vinham visitá-lo a Londres figuras como Almada Negreiros, Casais Monteiro, Lopes-Graça, Jorge de Sena, Eugénio de Andrade. Contrariamente ao seu sucesso literário, o pouco que ganhava com o seu trabalho de intérprete e jornalista cultural não lhe permitia sair do universo de quartos alugados e da escassez em que viveu até ser convidado para lecionar nos Estados Unidos.

A experiência americana abriu-lhe novos horizontes, novos convívios literários. Em Austin, a Universidade do Texas proporcionou-lhe a publicação de outro livro, Selected poems, numa edição bilingue. Proporcionou-lhe também leituras públicas e um papel de coorganizador e também participante, ao lado de Octavio Paz, num Festival de Poesia que reuniu poetas ilustres como Jorge Luís Borges, Louis Zukofsky, Robert Duncan e Czeslaw Milosz.

Sem nunca abandonar Londres, Alberto de Lacerda obteve novos contratos para lecionar nos Estados Unidos. Embora precariamente, e a tempo parcial, a Universidade de Boston deu-lhe emprego até atingir a reforma. E em Londres, a certa altura, foi-lhe possível por fim arrendar um pequeno apartamento onde construiu o seu mundo. Estranhamente, em Portugal, Alberto de Lacerda ia perdendo as atenções da crítica e do público leitor. A fidelidade das poucas vozes de louvor que nunca o abandonaram não conseguiu salvá-lo do silêncio.


Alberto de Lacerda volta finalmente a casa na companhia daqueles que o celebraram em vida. A Biblioteca Nacional de Portugal acolhe-o e espera que o público amante da poesia o queira acolher também.

A exposição é comissariada por Luís Amorim de Sousa, seu testamenteiro e responsável, em conjunto com Mary Porter de Sousa, pela seleção dos materiais expostos.