Biblioteca Nacional de Portugal
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Horário
2.ª - 6.ª 09h30 - 19h30
sáb. 09h30 - 17h30
Programa
Folha de sala



Apoio: 
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Resistência Civil | Acordo com a Natureza Bicentenário de H. D. Thoreau
MOSTRA | 10 abr. - 6 maio '17 | Sala de Referência | Entrada livre | Programa
FILME | 10 abr. - 6 maio '17* | 17h30 | Sala Multimédia | Entrada livre | Trailer
* excepto de 24 a 29 de abril e 3 de maio
10 abr. | 16h00-19h30 | Visita guiada / Palestras e Debate 26 abr. | 09h30-19h30 | Colóquio / Leituras / Lançamento do catálogo e do livro Nada Natural, de Gary Snyder
No Bicentenário de Henry David Thoreau (1817-1862), encontramos o momento propício para refletir, por um lado, sobre a soberania individual e a vida frugal em acordo com a natureza, e, por outro, sobre o desafio às convenções vigentes, quando estas violam os princípios da liberdade para todos e da consciência de cada um.
Em 1845, Thoreau construiu uma cabana à beira de um lago e aí permaneceu dois anos, dois meses e dois dias, contemplando a natureza e vivendo do cultivo da terra. Foi dessa experiência que surgiu o livro Walden (1854), onde, para além de refletir longamente sobre o conceito de natureza, o autor descreve e advoga uma economia de autossuficiência. Durante o período da sua residência no lago Walden, Thoreau passou uma noite na prisão por ter sido o primeiro objetor fiscal da história. Acreditando que o imposto sobre o direito de eleitor (poll tax) era uma aberração que ajudava a sustentar a guerra contra o México e a escravatura, Thoreau recusou-se a pagá-lo, vindo a defender, no texto “Resistance to Civil Government” (1849), a desobediência civil como modo de prevalência da razão das minorias sobre a prepotência das maiorias.
Com o título A Desobediência Civil, a Editora Estúdios Cor publicou em Portugal o texto suprarreferido, em 1972, data que assinala também a sua primeira edição em livro. Esta recepção tardia não impediu que a influência de Thoreau tenha permeado o pensamento libertário e ecologista em Portugal, seja por via direta, seja pelo diálogo que com ele estabeleceram outros defensores da resistência não-violenta e do freio à expansão industrialista e corporativa, como Mahatma Gandhi, John Ruskin ou Lev Tolstói. A projeção de Thoreau na arte contemporânea portuguesa é assinalável: referindo apenas alguns exemplos, o músico Tiago Sousa dedica-lhe o disco Walden Pond’s Monk (2011); os seus escritos são tornados imagem no filme Estrada de Palha (2012), de Rodrigo Areias; as palavras dos seus relatos e diários inspiram o trabalho fotográfico de Rúben Neves, de que se insere uma pequena mostra nesta exposição comemorativa.
Acreditamos fazer hoje sentido redescobrir o obra de Thoreau, além dos seus textos mais conhecidos. De Uma Semana nos Rios Concord e Merrimack, primeira obra que será lançada entre nós este ano, até A Vida Sem Princípio, publicada um ano após a sua morte, Thoreau mostra-nos que “acordar com a natureza” exige uma vigilância constante da nossa consciência individual enquanto cidadãos, recusando o crescimento económico desmesurado e os sectarismos e veleidades populistas.
Organizado pelo Grupo de Estudos Americanos do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (CEAUL) em parceria com a Biblioteca Nacional de Portugal, o evento “Resistência Civil | Acordo com a Natureza: Bicentenário de H. D. Thoreau” conta com uma exposição biblio-iconográfica e atividades explorando a obra e as repercussões deste autor. A 10 de abril, a exposição abre com uma visita comentada, duas palestras e um debate que encadeará os elos do libertarismo, da ecologia, da objeção de consciência e do estilo e influência do poeta ensaísta. No dia 26 de abril, haverá um colóquio com comunicações académicas, incluindo uma palestra por Antonio Casado da Rocha, da Universidade do País Basco, sobre a necessidade de “Humanizar a Ciência”. Para finalizar, faremos leituras da obra do autor, havendo ainda o lançamento de um catálogo e do livro Nada Natural, do poeta Gary Snyder, o grande herdeiro vivo de Thoreau, pela primeira vez editado em Portugal.
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