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5 questions à John Simenon. Café de la Librairie Dialogues, 8 julho 2013.


Georges Simenon, 1903-1989: mais do que Maigret

MOSTRA | 8 jan. - 18 abr. '15 | Sala de Referência | Entrada Livre
ENCONTRO com John Simenon | 27 mar.
'15 | 18h30 | Auditório BNP | Entrada livre

Por ocasião dos 25 anos da morte de Georges Simenon (1903-1989), a BNP apresenta uma pequena mostra em que se expõem as primeiras edições portuguesas de um dos escritores de referência do romance policial e promove uma conversa com John Simenon, em que este fala sobre o pai e a sua obra, mediada pelo jornalista, escritor, e autor de romances policiais, Fernando Sobral.

Simenon nasceu em Liège (Bélgica) a 13 de fevereiro de 1903 e morreu em Lausanne (Suíça) a 6 de setembro de 1989. Estima-se que escreveu, com o seu próprio nome ou sob um dos seus 29 pseudónimos, mais de 400 títulos, 102 dos quais tendo como personagem principal o icónico comissário Maigret. Com 550 milhões de exemplares vendidos, continua a ser o terceiro autor de língua francesa mais lido depois de Júlio Verne e Alexandre Dumas e os seus romances continuam a ser regularmente adaptados ao cinema e à televisão.

Os seus livros, cuja estrutura já foi comparada à da tragédia grega, retratam, de forma enxuta e com um olhar humano, o cidadão comum, a vida nas ruas, sobretudo à noite e de madrugada, abordando, através do quotidiano de esquadras, prisões e hospitais, a condição humana: a mentira, a traição, a humilhação, a culpa, o amor, o ódio, a inveja, a vergonha…

No início da sua carreira escreveu romances populares que o formaram no ofício da escrita e lhe permitiram assegurar a subsistência. Refere que nesses tempos tinha mais horas de angústia do que de júbilo e sublinha que quanto mais escrevia mais difícil a escrita se tornava, instalando-se um medo, cada vez mais intenso, ao ponto de se sentir doente nos dias que antecediam o começo de um novo romance.

Escrevia um romance, dito popular, em três ou quatro dias; e cerca de doze Maigret por ano. Com o decurso do tempo, passaria a seis por ano e no final da vida já só escrevia quatro. Como explica em Quand j’étais vieux, escrevia sempre à máquina, exceto alguns rascunhos (que escrevia a lápis) para outros romances que não os Maigret.

Acerca de Maigret, muitas vezes apontado como personagem autobiográfica, Simenon escreve, em 1973: «Leio em certos jornais que me inspirei em mim próprio para criar a personagem de Maigret, que este não seria, portanto, senão uma espécie de cópia. Quando escrevi os primeiros Maigret não sabia se haveria outros. Nos primeiros, era apenas um personagem episódico. Depois, teve sobretudo uma silhueta: grande, forte e pesado, impondo-se principalmente pela sua placidez. Nem no físico, nem na disposição, esta descrição me assenta». Não deixa, porém, de reconhecer que: «Mais tarde, Maigret tornou-se menos sintético. É possível que lhe tenha dado, à revelia, algumas das minhas ideias, certos detalhes do meu comportamento. Mas nunca ele foi eu. Pessoalmente, deixo-o nas margens do Loire, onde deve estar reformado, como eu próprio. Ele faz jardinagem, joga às cartas com as pessoas da aldeia e vai pescar. Eu continuo a exercitar o único desporto que ainda me é permitido: a marcha. Desejo-lhe uma reforma feliz, tal como a minha. Trabalhámos muito juntos para que lhe possa dizer um adeus algo emocionado» (Des traces de pas. Paris: Presses de la Cité, imp. 1975, p. 31-32).

Como salienta Pierre Assouline, escritor, jornalista e autor de uma biografia e de um dicionário sobre Simenon: ainda em vida, André Gide, Jean Cocteau e Henry Miller consideraram-no como «o melhor deles», hoje, Patrick Modiano, prémio Nobel da Literatura 2014, bem como Henning Mankell, não escondem a sua influência.

Desta mostra, resultará também um pequeno catálogo (e-book) com as obras de Simenon existentes na BNP. Recorde-se que a primeira tradução portuguesa de uma obra de Georges Simenon é do romance Condenado à morte, publicado em 1932, pela Clássica Editora, na coleção Os Melhores Romances Policiais, dirigida por Adolfo Coelho. Atestando a sua importância, alguns anos mais tarde, Simenon veio a ser editado numa coleção autónoma, Romances policiais de Georges Simenon, cujo número de estreia foi o romance O cão amarelo, traduzido por Adolfo Casais Monteiro, publicado provavelmente em 1939 pela Empresa Nacional de Publicidade.

Cabeçalho: pormenor de desenho de capa de A. Pedro (Georges Simenon - Memórias íntimas». Lisboa: Livros do Brasil, 1986)
 
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