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Horário

2.ª - 6.ª 09h30 - 19h30 /

sáb.  09h30 - 17h30

 

 

Folha de sala

 

 

Visitas guiadas por

Luís Ribeiro, Tiago Moita,
Alice Tavares, João Castela
e Luís Afonso
24 mar / 21 abr. | 17h00

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Conferência internacional
Sephardic book art of the 15th century


O livro e a iluminura judaica em Portugal

no final da Idade Média

EXPOSIÇÃO | 26 fev. - 23 maio '15 | Museu do Livro - Piso 3 | Entrada livre

Esta exposição pretende destacar a relevância cultural e artística dos judeus portugueses no final da Idade Média, com particular relevo para o códice iluminado hebraico. Organiza-se em cinco núcleos temáticos. O primeiro é dedicado ao livro e à iluminura sefardita (ibérica) e remete para a produção peninsular entre os séculos XIII e XV. A partir de dois códices existentes na BNP, salienta-se o largo espectro cronológico e estilístico abarcado pela produção da iluminura judaica peninsular. O conjunto de obras deste núcleo revela ainda a extensão do diálogo estilístico que os iluminadores sefarditas estabeleceram com a sociedade em que se integravam, adotando e adaptando soluções plásticas inspiradas na arte gótica, na arte tardo-gótica e na arte islâmica e mudéjar peninsular.

O segundo núcleo é dedicado à Escola de Lisboa de iluminura, ativa no último quartel do século XV, cujos valor artístico e relevância histórica têm passado despercebidos. Através do recurso a fac-símiles e imagens digitalizadas, mostram-se as idiossincrasias e as principais caraterísticas plásticas desta escola de iluminura, cujas obras demonstram o elevado grau de acomodação cultural dos judeus portugueses, nomeadamente os judeus de Lisboa, e o apreço que tinham pelo livro religioso de aparato, à semelhança das elites cristãs da mesma época.

O terceiro núcleo identifica sinais da interação cultural – científica, teológica, artística – entre judeus e cristãos em Portugal no final da Idade Média, sobretudo entre a iluminura judaico-portuguesa e a iluminura cristã tardo-medievais. A pertença a um mesmo horizonte cultural e artístico e o consumo do livro de aparato explicam as afinidades existentes entre os livros cristãos e os livros judaicos. Importa destacar, no entanto, que entre 1470 e 1490 o foco mais rico de produção de iluminura feita em Portugal foi a Escola de Lisboa de iluminura judaica. À época, os manuscritos iluminados cristãos de maior valor artístico – sobretudo Livros de Horas – eram importados da Flandres e do Norte de França.

O quarto núcleo desta exposição é dedicado ao livro impresso. Os judeus estiveram na origem da introdução da tipografia em Portugal. O primeiro incunábulo português é um Pentateuco hebraico impresso em Faro em 1487, na oficina de Samuel Gacon, que antecede em dois anos a publicação, em Chaves, do primeiro incunábulo em língua portuguesa. Além da precocidade, é de destacar a proliferação de edições impressas judaicas, entre 1487 e 1495, distribuídas por Faro, Leiria e Lisboa, que testemunham a apetência do mercado português para o consumo do livro hebraico, sobretudo o de natureza religiosa. É precisamente esta grande apetência, muito mais acentuada que a existente entre a comunidade cristã, que explica a elevada produção de livros judaicos no último terço do século XV, manuscritos e impressos.

Finalmente, o último núcleo da exposição é dedicado à controvérsia religiosa judaico-cristã em Portugal, na qual emergem ódios e incompreensões mútuas, resultantes da radicalização religiosa. Entre a comunidade judaica portuguesa e a comunidade cristã, coexistem múltiplos sinais de intensa interação social, cultural e artística, com sinais de exclusão e radicalização mútua do discurso religioso, vias contraditórias que estão, aliás, na base dos dois caminhos seguidos após os eventos de 1496/1497: a conversão ou o exílio dos judeus; sendo que o poder da época contribuiu para implementar à força a primeira, tudo fazendo para evitar o segundo.

Com esta exposição, pretende-se divulgar um património que representou um momento alto da arte e da cultura judaica, e portuguesa, do século XV, atualmente disperso e de difícil acesso.


Comissários: Luís Urbano Afonso e Adelaide Miranda
 
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