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Letras com aromas | Rui Cardoso Martins, Deixem passar o homem invisível

CONVERSAS ÀS ESCURAS | 15 maio '14 | 17h30 | Sala de Formação | Entrada livre *

 

Rui Cardoso Martins é o convidado do segundo encontro de Letras com aromas – conversas às escuras, iniciativa da Área de Leitura para Deficientes Visuais (ALDV) da BNP.

Natural de Portalegre, Rui Cardoso Martins é jornalista fundador do Público, escritor, argumentista e sócio das Produções Fictícias. Deixem passar o homem invisível é o seu segundo livro, com o qual venceu, em 2009, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores/Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas.

À conversa com o escritor, serve-se café e fala-se da sua obra num ambiente totalmente escurecido, em que pessoas cegas acolhem e guiam os que veem. Na partilha do aroma e na companhia das palavras, ilumina-se um mundo, aparentemente, não visível.

Neste livro, percorre-se a Lisboa subterrânea, pela mão de António, cego desde a infância, e João, escuteiro de oito anos, ambos arrastados para o esgoto durante uma enxurrada. Para superarem a atribulada viagem, partilham histórias de vida: «Eu descia uma rua apertada, cheia de gente, e uma voz, uma mulher, falou alto, solene, como se anunciasse a passagem dum rei, dum presidente, dum autarca ou presidente de clube, bom, alguém que valesse a pena neste país.
– Deixem passar, deixem passar o homem, que é invisível!
– Ah, ah, exclamou João, o homem invisível, é verdade, eu também não o vejo.
Ela queria dizer invisual, rapaz, imagino. Fica sabendo, João, que há muitas formas de ser invisível e, ao contrário do que se pensa, ser invisível não é superpoder, é também uma superfraqueza…
… as mulheres do mundo invisíveis, escondidas nas cozinhas, nos alpendres, nos quartos, atrás de véus, lenços e burkas…
… muitas vezes, repara, se me lembro daquela senhora a anunciar a minha passagem, ao descer a rua, deixem passar o homem!, imagino: um cego invisível. Invisível e cego, ao mesmo tempo: não o veriam a ele; ele não veria ninguém. Será que esse homem, apesar de vivo, existia?»