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Faleceu Vasco Graça Moura (1942-2014)
NOTÍCIA | 27 de abr. '14
Natural do Porto, onde nasceu em 1942, Vasco Graça Moura está entre os nomes mais destacados da cultura portuguesa da segunda metade do século XX. Com uma atividade multifacetada e intensa, é principalmente na poesia e na tradução que deixa uma obra amplamente reconhecida pelos mais prestigiados prémios portugueses, num percurso literário de mais de cinco décadas onde se inclui também o ensaio e a ficção, e que o autor desenvolveu a par de uma constante intervenção política e cultural.
Formado em Direito, Graça Moura estreia-se como poeta em 1963, com o livro Modo Mudando, primeiro de uma extensa produção poética que não mais interrompeu e cujo conjunto veio à estampa na compilação Poesia reunida, editada em dois volumes publicados por ocasião dos 50 anos de vida literária. Distinguiu-se como tradutor de um leque heterogéneo de grandes autores como Dante, Shakespeare, Petrarca, Racine, Rostand, Garcia Lorca ou Rilke. No ensaio, abordou a obra de Camões, David Mourão-Ferreira e Nemésio, entre outros. Também autor de uma peça de teatro e um diário, surge mais tarde na ficção, com mais de uma dezena de obras entre 1987 e 2011.
É significativo o conjunto das suas obras premiadas: Prémio Literário Município de Lisboa, em 1984 e 1987 (com Os rostos comunicantes e A furiosa paixão pelo tangível, respetivamente), Prémio PEN Clube Português de Poesia, 1994 ( O concerto campestre); Prémio Municipal Eça de Queiroz, 1995 ( Sonetos familiares), Grande Prémio de Tradução Literária, 1996 ( Vita Nuova, de Dante), Grande Prémio de Poesia APE/CTT, 1997 ( Uma carta no Inverno), Prémio Internacional Diego Valeri, 2004 ( Rimas, de Petrarca), Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLB, 2004 ( Por detrás da magnólia), Prémio de Tradução Paulo Quintela, da Universidade de Coimbra, 2006 ( Rimas, de Petrarca). Pelo conjunto da sua obra, foi distinguido com o Prémio Pessoa (1995), Prémio Vergílio Ferreira (2007), Prémio Nacional de Tradução (Itália, 2008), Tributo de Consagração Fundação Inês de Castro (2010), Prémio Europa - David Mourão-Ferreira (2010), Prémio Alberto Pimenta do Clube Literário do Porto (2010), Prémio Morgado de Mateus (2013). Intelectual sempre ativo, Vasco Graça Moura manteve, a par da sua atividade literária, frequente intervenção pública como conferencista, cronista e colaborador de diversos órgãos de comunicação social, e revistas especializadas, ocupando, simultaneamente, diversos cargos políticos e institucionais. Foi membro da 1.ª Comissão Administrativa da Câmara do Porto após o 25 de Abril (1974-75); deputado à Assembleia Constituinte (1975-76); Secretário de Estado da Segurança Social e Secretário de Estado dos Retornados (1975); Diretor de Programas do Canal 1 da RTP (1978); Administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (1979-88); Vice-presidente do PEN Clube (1982-84); membro do Conselho Geral da Comissão Nacional da UNESCO (1983-87), representante de Portugal no Comité Europeu do Conselho da Europa, para a Campanha Norte-Sul (1987); Presidente da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Fernando Pessoa (1988) e da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1988-95); Comissário de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha (1992); Diretor do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (1996-1999); deputado ao Parlamento Europeu, (1999-2009); e Presidente da Fundação Centro Cultural de Belém, desde 2012. Vasco Graça Moura foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem de Santiago da Espada (1983) e da Ordem do Rio Branco (Brasil, 1989). Recebeu a Medalha da Marinha Brasileira (1990) e a Medalha de Ouro da Cidade de Florença (1998). Em cerimónia de homenagem realizada a 31.01.2014, recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.
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