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Faleceu António Ramos Rosa (1924-2013)

NOTÍCIA | 23 de setembro de 2013

 

ramos_rosaPoeta, ensaísta, tradutor, António Vítor Ramos Rosa nasceu em Faro, aí viveu durante a juventude e fez estudos secundários. Deu aulas de Português, Francês e Inglês, trabalhou numa firma comercial, acabando por se dedicar exclusivamente à atividade literária, com destaque para a criação poética e sua teorização. Em 1945, ano da formação do MUD Juvenil de que foi ativo militante, instala-se em Lisboa regressando a Faro dois anos depois, para voltar definitivamente à capital no início da década de 60.

Entretanto deixara o seu nome associado a três revistas literárias que se destacaram pela isenção em relação às estéticas literárias dominantes e pela qualidade dos trabalhos que publicaram – a «Árvore» (1951-52), de que foi co-fundador, com António Luís Moita, José Terra, Luís Amaro e Raúl de Carvalho; a «Cassiopeia» (1951-53), coordenada por A.R. Rosa, João Rui de Sousa, António Carlos, José Bento e José Terra; e «Cadernos do Meio-Dia» (1958-60), em cuja coordenação Ramos Rosa está acompanhado por Casimiro de Brito, Fernando Moreira Ferreira e Hernâni Lencastre. Mas é vasta a sua colaboração em revistas literárias. Estendeu-a, por exemplo,a «Cadernos de Poesia» - onde publicou o Poema dum Funcionário Cansado (fasc. 9, 1951) -, «Colóquio. Letras», «Gazeta Musical e de Todas as Artes», «Jornal de Letras e Artes», «Planície», «Poesia Experimental», «O Tempo e o Modo», «Utopia», «Seara Nova», «Távola Redonda», ou «Vértice».ramos_rosa2

Com O Grito Claro (1958), o seu primeiro livro de poesia, inicia uma vastíssima bibliografia com dezenas de obras várias vezes reeditadas, refundidas, traduzidas e premiadas. Viagem Através duma Nebulosa (1960), obteve o 2º lugar ex-aequo do prémio Fernando Pessoa da Editora Ática. Nos Seus Olhos de Silêncio (1970), foi anunciado como prémio Nacional de Poesia da Secretaria de Estado de Informação e Turismo, mas recusado pelo autor. A Pedra Nua (1972) recebeu o Prémio Literário da Casa da Imprensa. O Incêndio dos Aspectos (1980), recebeu o prémio do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários e o Prémio PEN Club de Poesia (1980); Volante Verde (1986), o prémio Nicola de Poesia. A tradução para língua francesa de O Livro da Ignorância (1988) recebeu o Prémio Jean Malrieu (1992) para o melhor livro de poesia. Acordes (1989),  foi galardoado com o grande prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e CTT.  As Armas Imprecisas (1992) foi prémio de poesia Eça de Queiroz, da Câmara Municipal de Lisboa. A Génese; seguido de Constelações (2005) foi atribuído o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 2006. A O Poeta na Rua: antologia portátil (2004) foi conferido o grande prémio de Poesia Sophia de Mello Breyner Andresen (2005).

Do ensaio destaca-se A Parede Azul: estudos sobre poesia e artes plásticas (1991), Poesia, Liberdade Livre (1962), A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (2 v., 1979). Com Incisões Oblíquas: estudos sobre poesia portuguesa contemporânea (1987) recebeu o prémio Jacinto do Prado Coelho, do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários.

ramosrosa-acpc-e-n76-1057Traduziu, entre outros, Albert Camus, André Gide, Michel Foucault, Bertolt Brecht, Stendhal, Boris Pasternack, Marguerite Yourcenar. A sua antologia de Paul Éluard - Algumas das Palavras recebeu, em 1976, o prémio de Tradução da Fundação de Hautevilliers para o Diálogo entre Culturas.

Confirmando a relevância do seu percurso e da sua obra literária e o rigor do seu trabalho poético foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa 1998. Ramos Rosa recebeu, ainda, o Prémio de Tradução da Fondantion de Hautvilliers (1976), o Prémio da Bienal de Poesia de Liége (1991), a consagração como Poeta Europeu da Década (1991) atribuída pelo Collége de L'Europe, a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura (2006), a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores (2008). Foi agraciado com as condecorações de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago e Espada (1984) e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1997).

Em 2007,  Ramos Rosa fez doação do seu espólio à BNP, com incorporações sucessivas em 2008 e 2011. A coleção documental com o seu nome, que integra hoje vasto epistolário e manuscritos literários, havia sido criada em 1981, data da aquisição das cartas que lhe foram dirigidas por Jorge de Sena e Adolfo Casais Monteiro.