Versão para impressão Enviar por E-mail
banner_patriarcal

 

 

Biblioteca Nacional de Portugal

Serviço de Atividades Culturais

Campo Grande, 83

1749-081 Lisboa

Portugal

 

Informações

Serviço de Relações Públicas
Tel. 21 798 21 68

Fax 21 798 21 38
Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar

 

 

 

Visita guiada dia 26 de julho, às 21h00, por Cristina Fernandes

 

Consultar folha de sala

 

 

300 anos do Real Seminário de Música da Patriarcal

MOSTRA | 22 julho - 13 setembro | Sala de Referência | Entrada livre

CONFERÊNCIA | 12 setembro | 18h00 | por Cristina Fernandes | Auditório BNP | Entrada livre

 

patriarcal_mm-4833Mostra de uma parte significativa do importante património musical do Real Seminário de Música da Patriarcal que desde 1995 integra as coleções da Área de Música da BNP, e na qual se poderão ver obras de David Perez, Giovanni Giorgi, José Joaquim dos Santos, António Leal Moreira, Marcos Portugal, José do Espírito Santo e Oliveira, Fortunato Mazziotti, Antonio Tedeschi e Eleutério Franco de Leal, entre outros.

«A criação de um estabelecimento especializado no ensino da música anexo à Capela Real de Lisboa, seguindo uma tradição próxima das escolas que há vários séculos formavam os meninos de coro das grandes catedrais e de outras capelas de Corte europeias, foi determinada por D. João V através de um decreto datado de 9 de abril de 1713, conforme se pode ler na introdução aos Estatutos do Real Seminário da Santa Igreja Patriarcal de 1764 (BNP, COD. 3693). A fundação daquela que viria a ser a mais importante escola de música em Portugal antes da criação do Conservatório, em patriarcal_cod-36931835, precedeu em três anos a instituição oficial do Patriarcado de Lisboa, constituindo um dos pilares do investimento artístico e da política de prestígio do Rei Magnânimo que viria a dotar a Capela Real portuguesa - elevada ao estatuto de Basílica Patriarcal em 1716 - de um esplendor cerimonial comparável ao da Corte pontifícia.

Em paralelo com a contratação de músicos estrangeiros de primeiro nível para a Patriarcal - como é o caso dos compositores Domenico Scarlatti e Giovanni Giorgi e de vários cantores da Capela Giulia -, o Real Seminário de Música pretendia fornecer uma formação sólida aos jovens músicos portugueses. Foi precisamente entre os seus discípulos mais talentosos que, entre 1716 e 1722, foram selecionados os primeiros bolseiros da Corte para aperfeiçoar os estudos musicais em Roma, dos quais se destacam António Teixeira, João Rodrigues Esteves e Francisco António de Almeida, todos compositores de elevado mérito.

patriarcal_cn-269A principal missão do Seminário incidia na formação de músicos para a Patriarcal, mas a sua acão pedagógica foi muito mais ampla. Das suas classes saíram quase todos os compositores portugueses setecentistas importantes e numerosos músicos (sobretudo cantores e organistas) que ocuparam cargos relevantes em múltiplas instituições luso-brasileiras. Várias das saídas profissionais encontram-se anotadas à margem do Livro de Matrículas: Livro que hade servir para os acentos das admissões dos Siminaristas deste Real Seminário... (BNP, COD. 1515).

Com as Invasões Francesas e a transferência da Corte para o Brasil em 1807, o Real Seminário de Música da Patriarcal entrou em declínio. Apesar de algumas tentativas de atualização do sistema de ensino, como foi o caso da reforma de 1824, acabaria por sucumbir com o triunfo do Liberalismo, tal como aconteceu com muitas outras instituições do Antigo Regime. Em sua substituição, por iniciativa de Almeida Garrett e de João Domingos Bomtempo, foi criado, em 1835, o Conservatório, passando a promover um modelo de ensino laico.

Após a extinção, o património musical do Seminário foi incorporado provisoriamente na Biblioteca Pública da Corte, mas pelo decreto de 5 de maio de 1835 passou para o recém-criado Conservatório de Música, instalado no edifício da Rua dos Caetanos. Aí permaneceu até 1995, data em que foi transferido para a Área de Música da Biblioteca Nacional. Esta preciosa coleção reflete as recomendações dos Estatutos de 1764 para que as aulas fossem bem providas de Solfejos para todas as vozes, Árias, Música de Órgão e Capela, Acompanhamentos e Sonatas, incluindo um vasto número de composições religiosas para vozes e baixo contínuo, da autoria de mestres e alunos, mas também peças mais antigas e repertório italiano destinado ao estudo e execução.»

Cristina Fernandes