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Sessão evocativa na BNP

 

Intervenção de Joaquim Romero Magalhães: Vitorino Godinho: a memória de um mestre e de um amigo

 

 


Vitorino Magalhães Godinho (1918-2011)

MOSTRA EVOCATIVA | 3 - 30 Maio | Sala de Referência | Entrada livre

 

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Vitorino Magalhães Godinho nasceu em Lisboa no seio de uma família com fortes tradições republicanas e militares.

Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1940, tendo sido seu professor extraordinário no período compreendido entre 1941 e 1944. Nesse ano, foi afastado devido à oposição ao Estado Novo.  Fixou residência em Paris, onde desempenhou as funções de investigador do Centre National de la Recherche Scientifique (1947-1960), fase durante a qual obteve o grau de Doutor ès-Lettres pela Sorbonne (1959). Regressou a Portugal, onde foi nomeado professor catedrático do Instituto Superior de Estudos Ultramarinos (1960-1962), de onde foi igualmente afastado por idêntica razões de natureza política.

Em 25 de Abril de 1974 leccionava na Faculté des Lettres et Sciences Humaines da Universidade de Clermont-Ferrand, que lhe havia concedido o doutoramento honoris causa. Regressou definitivamente a Portugal, tendo, quase imediatamente, sido nomeado  Ministro da Educação e Cultura do II Governo Provisório (1974). Cessada a experiência governativa, foi um dos fundadores da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, na qualidade de professor catedrático. Em 1984 desempenhou o cargo de Director da Biblioteca Nacional.

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Tendo começado os seus estudos pela Filosofia (1940), acabou por se dedicar apaixonadamente à História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, tendo publicado Documentos para a história da expansão portuguesa (1943-1956), A expansão quatrocentista portuguesa (1944) e História económica e social da Expansão Portuguesa (1947), O "Mediterrâneo saariano" e as caravanas do ouro – séculos XI ao século XVI (1956).

Pertenceu à escola historiográfica que se desenvolveu em torno da revista Annales e prosseguiu os seus trabalhos sobretudo em sintonia com Fernand Braudel na École Pratique des Hautes Études em Paris. Publicou, designadamente, Prix et monnaies au Portugal, 1750-1850 (1955) e apresenta a sua tese de doutoramento L’économie de l’empire portugais – XVe- XVIe siècles (1966), editada em português com o título de Os descobrimentos e a economia mundial (1963-1971, ed. definitiva em 1983-1984).

Desenvolveu o conceito de «complexo histórico-geográfico», a partir do qual estruturou e desenvolveu muitas das suas investigações e publicações. Foi um dos mais significativos defensores, a nível mundial, da interdisciplinaridade, defendendo a importância da articulação da História com outras Ciências Sociais, nomeadamente a Sociologia, a Economia e a Antropologia.

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Prix d’Histoire Maritime da Académie de Marine (1970) e Prémio Balzan (1991), sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras e da Royal Academy (Londres). Dirigiu várias colecções, nomeadamente nas Edições Cosmos, fundando, em 1979, a Revista de História Económica e Social (1979).

Continuou até à sua morte, a reflectir, a escrever artigos de fundo em diversos jornais e a publicar livros sobre diferentes temáticas como, por exemplo, Portugal: a Pátria bloqueada e a responsabilidade da cidadania (1985), Mito e mercadoria, utopia e prática de navegar, séculos XIII-XVIII (1990), Portugal, a emergência de uma nação (2004), Os problemas de Portugal - os problemas da Europa (2010).

Recentemente publicou uma biografia de seu pai, militar e político republicano, Vitorino Henriques Godinho: Pátria e República (2005), bem como alguma como correspondência deste e, ainda, organizou e prefaciou, em colaboração, o volume da antologia Alexandre Herculano. O cidadão e o historiador (2010).