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Edição Mark Twain em Portugal


Mark Twain em Portugal

MOSTRA | 1 - 31 Outubro 2010 | Sala de Referência | Entrada Livre

 

mark_twainMark Twain, pseudónimo literário de Samuel Langhorne Clemens (1835-1910), é possivelmente o autor norte-americano mais popular em todo o mundo, e o número de edições da sua obra em Portugal rivaliza apenas com Edgar Allan Poe. Twain, que nunca enjeitou aplicar o seu génio experimental na acomodação e crítica de todas as tradições passadas e vigentes, prestou aliás tributo a Poe numa pequena paródia ao género policial em que o protagonista se compraz na libertinagem depois de assassinar a sua consciência, deixando-a a assombrar a estante de livros onde se empoleira. Seria típico de Twain arrumar a consciência numa prateleira, já que nos avisa, logo à entrada de Huckleberry Finn, que todos quantos queiram achar na obra uma moral serão expulsos por ordem do autor. Posto isto, Twain continua a ter lugar cativo nas estantes das nossas casas como representante da democracia e da liberdade de contradição. Assim, se em 1935 Hemingway o proclamou inventor de toda a moderna literatura americana, já em finais do século XIX, ainda em vida do autor, o primeiro grande divulgador da sua obra em português, Fernandes Costa, salientava a universalidade que permitia a Mark Twain atravessar continentes e classes sociais: “os seus livros são a alegria do pobre operario das docas de Londres e o desenfado do oficial de cypaios roído pelas febres indianas; (...) ao lê-los, o squatter faz retinir com as suas gargalhadas a sua cabana perdida no meio das solidões australianas.”


A presente mostra, organizada pelo Grupo de Investigação de Estudos Americanos do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa no centenário da morte de Mark Twain e em colaboração com a Biblioteca Nacional de Portugal, ilustra a recepção do autor no nosso país.


No acolhimento precoce entre nós, verifica-se uma preferência pelo talento humorístico, iniciada em periódicos em 1887 e continuada em colectâneas monográficas (expositor 1). Os romances pelos quais o autor é hoje mais conhecido – a trilogia de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn – começaram a ser integralmente traduzidos a partir da década de 1940, reflectindo o esforço de algumas casas editoras de abertura à literatura anglo-saxónica, incluindo colecções representativas dos seus mais célebres autores (expositor 2).  A popularidade de Twain e as centenas de páginas escritas sobre aventuras de personagens em idades ainda intocadas pelo comércio sexual e pelos compromissos adultos visando estatuto e propriedade tornaram-no especialmente adaptável ao público juvenil, não raro ignorando a atitude iconoclasta do autor (expositor 3). Contudo, mais recentemente, alguns estudos críticos e a divulgação de um conjunto de obras tematicamente mais diversificadas e com invulgar arrojo experimental têm dado a conhecer novas facetas do espírito inconformista e do amor exigente de Mark Twain pela humanidade (expositor 4). Tal talento multiforme ganha realce nas criações plásticas e conceptuais que alguns artistas (João Felino, Luís Henriques, Rui Manuel Amaral e Rui Loureiro) criaram para esta ocasião, como que dando resposta à pergunta provocatória dos turistas face à história de figuras célebres no último livro do autor publicado entre nós, A Viagem dos Inocentes: “Já morreu?” Twain parece que não, e recomenda-se.