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Doação do Espólio de Fernando Namora à BNP

 

namoraDia 29 de Junho de 2010, pelas 16h00, teve lugar na Sala do Conselho da Biblioteca Nacional de Portugal a cerimónia de assinatura do Termo de Doação do Espólio de Fernando Namora (1919-1989) à Biblioteca Nacional de Portugal.

Doado pelas filhas do escritor, o espólio, que será incorporado no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea (ACPC) da BNP, integra correspondência recebida, rascunhos de cartas enviadas, manuscritos de textos da sua vasta colaboração dispersa em publicações periódicas, textos de conferências, documentos biográficos e projectos e/ou versões de ficção não concluída.

Escritor, médico e pintor, Fernando Gonçalves Namora (Condeixa-a-Nova, 15 Abril, 1919 – Lisboa, 31 Janeiro, 1989) fez estudos secundários no Colégio Camões, em Coimbra, no Liceu Camões, em Lisboa, onde foi condiscípulo de Jorge de Sena, e no Liceu José Falcão, novamente em Coimbra. Na Universidade desta cidade conclui a licenciatura em Medicina (1942), vindo a abrir o primeiro consultório na sua terra natal.

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A experiência profissional, exercida primeiro no Portugal rural dos anos 40 do século XX, em localidades da Beira Baixa e Alentejo, e depois no Instituto Português de Oncologia (1950-1965), em Lisboa, está reflectida na sua obra literária, na qual, segundo alguns investigadores, são reconhecíveis 4 ciclos: o da fase de estudante, em que retrata nas suas obras a vida estudantil no Liceu e Universidade e em que integra o grupo do “Novo Cancioneiro” - que assinala o advento do neo-realismo; o ciclo “rural”, o da consagração como romancista e novelista; o “urbano”, marcado pelos romances O Homem Disfarçado e Domingo à Tarde; e o dos “Cadernos de um Escritor” influenciados pelas viagens, pelo contacto com outras culturas e outros intelectuais e escritores.

Autor incontornável no âmbito da História da Literatura Portuguesa, várias vezes premiado, e o prosador português mais traduzido em todo o mundo em meados do século XX, namora_l-13048-pFernando Namora deu à estampa romances, contos, novelas, crónica e poesia. Ficcionista de reconhecido mérito viu várias das suas obras em sucessivas edições, algumas das quais refundiu e ampliou e viu adaptadas ao cinema e à televisão. Estreia-se, no romance, em 1938, com As Sete Partidas do Mundo, de inspiração presencista e galardoado com o Prémio Almeida Garrett. Em 1943 publica Fogo na Noite Escura, romance neo-realista. Em 1945 edita Casa da Malta, novela escrita em 8 dias, e no ano seguinte, Minas de San Francisco. À reedição desta obra (1951), em nova versão, foi atribuído o Prémio Ricardo Malheiro. Retalhos da Vida de um Médico (1949) – Prémio Vértice e a primeira das suas obras traduzidas para língua estrangeira – com 2ª série em 1963 e, em 1977, edição ilustrada por Júlio Resende - foi adaptada ao cinema. O ano de 1950, em que dá à estampa A Noite e a Madrugada, marca, de certa forma, o fim do segundo ciclo da sua obra literária.

Da sua vasta bibliografia refiram-se ainda Deuses e Demónios da Medicina (1952), biografias romanceadas, O Trigo e o Joio (1955), O Homem Disfarçado (1957), Cidade Solitária (1959), Domingo à Tarde (1960), galardoada com Prémio José Lins do Rego, que viria a ser adaptada ao cinema, Os Clandestinos (1972), Estamos no Vento (1974), Cavalgada Cinzenta (1977), Rio Triste namora_l-40408-p(1982) – prémio Fernando Chinaglia, ou Resposta a Matilde: divertimento, adaptado para televisão em 1986. O primeiro livro de poemas de Fernando Namora, Relevos, foi publicado em 1937. Viria a ser incluído, em 1959, na colectânea As Frias Madrugadas. Neste género literário, publicou ainda Marketing (1969) e Nome Para Uma Casa (1984).

Membro de várias instituições culturais e científicas, como a Academia de Ciências de Lisboa, a Academia Brasileira de Letras, a Associação Brasileira de Escritores Médicos, a Academia Europeia das Ciências, Artes e Letras, ou a Hispanic Society of América, recebeu o Grande prémio SOPEM – pela obra de escritor médico e a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Enquanto artista plástico expôs individualmente em 1944, em Castelo Branco, mas já em 1939 havia recebido o prémio Mestre António Augusto Gonçalves. Participou numa exposição de artistas plásticos médicos (Paris, 1949) e obteve o 2º Prémio de Pintura na Exposição Colectiva de Artistas Médicos, organizada no Porto (1964).