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Mais informações sobre a edição

 


Recordações de uma estada em Portugal, 1805-1806

Laure Junot, Duquesa de Abrantes

LANÇAMENTO | 7 de Fevereiro 2008 | 18h00 | Livraria BNP | Entrada livre
Apresentação: José-Augusto França

 

Laure Junot, Duquesa de AbrantesLaure Permon, ou Saint-Martin Permon, torna-se Laure Junot em 1800, data do seu casamento aos 16 anos com o General Junot. A sua presença impõe-se nos círculos sociais parisienses que começa a frequentar por iniciativa do marido e onde contacta com as elites sociais e culturais da época. Escreve José-Augusto França na sua introdução que, embora “Nem bela, nem moça, nem airosa de fazer impressão […], em meia-hora de conversação, de trato, descobriam-se-lhe tantas graças, tanto natural, […], um complexo tão verdadeiro e perfeito de mulher francesa, a mulher mais sedutora do mundo, que involuntariamente se dizia a gente no seu coração” (p. 10). Com o casamento ganhou, pois, uma notoriedade que facilmente integrou na sua personalidade e que lhe permitiu, quando enviuvou, lançar-se na publicação de escritos que a ‘salvaram’ de uma muito difícil situação financeira.

A sua passagem por Portugal dá-se entre Abril de 1805 e Dezembro de 1806, acompanhando o marido aqui colocado como Embaixador do Império, mostrando o título original “grande impropriedade de datas na parte que diz respeito a Lisboa”, como assinala o investigador. Isto porque, a edição agora lançada no mercado corresponde a 2 capítulos do 2º volume de Souvenirs d’une ambassade et d’un séjour en Espagne et en Portugal de 1808 a 1811, relativos à estadia em Lisboa, onde apenas terá regressado em 1810 por um curto período. As imprecisões são recorrentes no texto, assinalando não só o carácter subjectivo do diário, como também as naturais falhas de memória quando 20 anos decorridos resolveu organizá-las para publicação. Segundo José-Augusto França, as omissões são particularmente significativas nos acontecimentos políticos e sociais que antecedem e são consequentes das Invasões Francesas, quer no território nacional, quer na estratégia político-militar de Junot: “[…] Tinham-se verificado acontecimentos importantes na diplomacia armada em que a neutralidade de Portugal se via envolvida, […] uma entrada da esquadra inglesa no porto […], e também uma conspiração no palácio para passar a regência a Carlota Joaquina […]” (p. 11).

A obra não deixa, no entanto, de ser um excelente contributo para o conhecimento da época, principalmente das famílias dominantes que por se moverem nos mesmos círculos sociais da autora são objecto de descrições, inconfidências, boatos e rumores que sobre elas correm na época, desenvolvidas com os comentários opinativos da Duquesa. O Portugal geográfico está também presente a partir de descrições e narrativas recolhidas ao longo de curtas incursões no país a partir de Lisboa; nestas, como enquanto passeia em Lisboa, retrata também a vida quotidiana com os pormenores pitorescos, as profissões típicas, os bairros pobres, as diferenças entre portugueses e espanhóis, tudo complementado com historietas, opiniões, críticas e louvores, romanceando a factualidade do cronista.

A edição inclui ainda um texto de Raul Brandão onde, com exemplos, este autor mostra que a Duquesa de Abrantes pouco mais terá feito do que copiar obras de outros estrangeiros que visitaram Portugal. No entanto, e mesmo com todos estes óbices, são as palavras do apresentador do livro ainda aqui importantes: “[…] não fazendo mais que explorar a veia das Mémoires, são interessantes, a ler como peça de história, ou de para-história, com a utilidade que tenham as suas informações, mesmo duvidosas – como todas as informações de história devem ser tomadas… O leitor que as avalie, compare e discuta.”

 
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