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Santiago Kastner (1908-1992) - Centenário do nascimento

SESSÃO EVOCATIVA | 15 de Outubro de 2008 | Anfiteatro BNP | 18h00 | Entrada livre

 


kastner_thumbA BNP organizou uma sessão evocativa do músico, investigador e instrumentista Santiago Kastner por ocasião do centenário do seu nascimento, em 15 de Outubro de 1908. Particularmente reconhecido pela sua obra em prol da Musicologia e da Música Antiga ibéricas, a sua actuação profissional decorreu maioritariamente em Portugal, onde se radicou em 1934, e estendeu-se a múltiplas áreas musicais no exercício de cargos e funções nas principais instituições nacionais ligadas à Música.


A sessão, presidida pelo Director-Geral da BNP, contou com intervenções de Manuel Morais e Rui Vieira Néry e foi acompanhada por uma mostra de bibliografia e de materiais do espólio do autor.

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Carl Macario Santiago Kastner nasce em Londres a 15 de Outubro de 1908, no seio de uma família abastada de músicos e fabricantes de instrumentos. É aluno de Hans Belz (Piano), Günther Ramin (Cravo), Friedrich Högner (Teoria Musical) e Hans Prüfe (Musicologia). Num período em que ainda não estavam definitivamente estabelecidos os princípios e o curriculum do ensino superior da Música, estes eram alguns dos maiores mestres disponíveis para um programa de ensino informal mas exigente e aprofundado.

Kastner vem em 1929 para Barcelona e estabelece um contacto pedagógico intenso com Higino Anglés, a figura mais influente do estudo da Música Antiga e da Musicologia ibéricas. Anglés estimula-o a dedicar-se ao repertório ibérico para tecla e convida-o para colaborador do seu Instituto Espanhol de Musicologia, que se vem afirmando como uma instituição destacada no panorama musicológico europeu.

A sua primeira publicação moderna de Música Antiga ibérica é de 1933, com um ensaio em catalão saído em Barcelona (e em catalão) na Revista Musical Catalana. A partir daí sucedem-se a um ritmo intenso novos lançamentos, tanto de estudos musicológicos como de edições práticas, frequentemente em associação com a editora alemã B. Schott’s Söhne, de Mainz, que lhe assegura uma ampla distribuição internacional, logo desde o primeiro volume dos Cravistas Portugueses, em 1935. Nomes grandes da música portuguesa de tecla dos séculos XVI a XVII, como António Carreira, Manuel Rodrigues Coelho, Pedro de Araujo, Carlos Seixas ou Fr. Jacinto do Sacramento são divulgados de forma eficaz, tanto nas antologias da Schott como em edições integrais sob os auspícios da Fundação Calouste Gulbenkian.

A Gulbenkian convida-o a integrar a sua Comissão de Musicologia, responsável pela edição da série Portugaliae Musica, e essa responsabilidade prosseguirá mesmo após a dissolução da referida comissão, em meados dos anos 70. Dirige também os primeiros trabalhos de catalogação de arquivos musicais levados a cabo no Pais e nos últimos quinze anos da sua vida dedica-se especialmente a estudar a colecção do Museu Instrumental, que viria a ser integrado no actual Museu da Música. Professor do Conservatório Nacional de Lisboa, onde lhe é atribuída desde 1947 uma disciplina generalista intitulada Clavicórdio e Interpretação de Música Antiga, nela acolhe e ensina alunos de todas as especialidades, desde os instrumentos de tecla aos de sopro e de corda dedilhada, ao mesmo tempo que trabalha com inúmeros jovens musicólogos portugueses. A todos – investigadores e músicos práticos – encaminha para a realização de estudos especializados no estrangeiro, patrocinando o surgimento de uma nova geração de musicólogos e instrumentistas portugueses especializados em Música Antiga.

O reconhecimento do seu mérito foi constante. Membro da Academia de Belas Artes de Madrid desde 1965, recebe em Portugal o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Coimbra (1984), a Comenda da Ordem de Santiago da Espada e a Medalha de Mérito Cultural, distinções a que se acrescentará, a título póstumo, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Morre em Lisboa a 12 de Maio de 1992. A sua personalidade generosa e a sua influência intelectual e cultural marcaram cinco décadas de profissionais da Música portuguesa.

RUI VIEIRA NERY
Universidade de Évora