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Fabio Tononi é doutorado pelo Warburg Institut de Londres e estuda a relação ciência - arte, com particular incidência nas neurociências
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Ciência e Cultura - Quebrar fronteiras

SEMINÁRIO | 11 jan. '23 | 14h30 | Auditório | Entrada livre

 

 

Ciência e Cultura - Quebrar Fronteiras é um seminário interdisciplinar, coordenado por Adelino Cardoso, no âmbito da actividade do CHAM-Centro de Humanidades - NOVA FCSH, cujo objectivo principal consiste em aprofundar a complexa teia de relações que se estabelecem na produção das múltiplas formas de saber e na dinâmica da sua organização coerente.

 

A primeira sessão contará com a presença de Moreno Paulon e Fabio Tononi.

 

Resumos

 

Moreno Paulon apresenta a sua investigação, Na fronteira incerta entre ciência e pseudociência, dedicada ao tema da histeria. Para este autor, a tensão entre ciência e pseudociência está cheia de exemplos que merecem a nossa atenção: em 1925, nos Estados Unidos, o professor de escola secundária John Scopes foi detido e processado em Dayton, Tennessee, por ensinar o darwinismo (definido como pseudociência por Morris & Clark ainda em 1976); em 1949, o partido comunista soviético declarou que a genética mendeliana pseudociência e mandou prender os seus defensores, entre os quais Nicolaj Vavilov, que viria a morrer num campo de extermínio. Ambas as teorias estão hoje na base da visão científica do mundo. Karl Popper (1962) apelidou o marxismo e a psicanálise de pseudociências, tal como a astrologia, em oposição à teoria da relatividade de Einstein, reconhecida como científica. A American Psychiatric Association afirmou que a homosexualidade era uma doença mental até 17 de Maio 1990, defendendo a objectividade científica de um argumento que hoje consideríamos pseudocientífico, prejudicial e discriminatório.

 

A "histeria", por sua vez, entrou e saiu do domínio da medicina, sob a forma de doença natural, depois de um percurso muito controverso.  É possível afirmar que a histeria foi uma categoria pseudocientífica? Ou foi, pelo contrário, o produto razoável de uma abordagem científica? Ou até o produto irrazoável de uma abordagem científica? Como distinguir ciência e pseudociência? Neste trabalho, o autor tenta identificar alguns critérios capazes de sustentar uma e outra conclusão, ou de por em dúvida a legitimidade de uma tal distinção.

 

A comunicação de Fabio Tononi explora a interpretação de Edgar Wind das ideias centrais de Aby Warburg sobre a biologia das imagens, oferecendo uma nova perspetiva sobre os dois estudiosos à luz de pesquisas recentes em neurofisiologia e estética experimental. Na historiografia warburgiana, a perspetiva de Wind contrasta com a de Ernst Gombrich.

Centrado na universalidade da expressão de emoções e movimentos, no conceito de Einfühlung (empatia), no fenómeno da memória coletiva e no engrama, o autor apoia a interpretação de Wind, atualizando sua visão e a de Warburg, em resposta às recentes conquistas científicas.

Este trabalho substância as perceções de Warburg e Wind sobre as implicações biológicas das imagens, tanto para o artista quanto para o espectador. Desta forma, esta pesquisa posiciona as obras de Warburg e Wind como base para uma teoria da resposta estética.

 

 

Sobre os oradores

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Moreno Paulon é investigador integrado no CHAM - Centro de Humanidades - e doutorando de Filosofia na Universidade Nova de Lisboa. Os seus interesses de investigação interdisciplinar incluem a epistemologia, a literatura, a antropologia cultural, a psicologia, a história da psiquiatria, estudos de tradução e de género, entre outros. Coordenou as antologias de estudos antropológicos Corpi Plurali (Milano: Milieu Edizioni 2020), e Il diavolo in corpo (Milano: Meltemi 2019); é ainda autor do livro A morte trágica de Maiakovski e outras histórias desorientais (Mafra: Edições Sem Nome 2022).

O seu trabalho é financiado pela FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

 

 

 

 

ciencia_cultura_fabio_tononiFabio Tononi é doutorado em Estética e História da Arte pelo Warburg Institute (2021) e bolseiro de Pós-Doutoramento (2022-2025) no CHAM-NOVA FCSH. Leciona metafísica, estética e axiologia no IHA-NOVA FCSH, sendo ainda  editor-chefe do Edgar Wind Journal e membro da direção do Centre for the Study of Cultural Memory at the Institute of Modern Languages Research (University of London's School of Advanced Study).

Os seus interesses de investigação incluem, entre outros, a relação entre arte e neurociência cognitiva (especificamente o modo como se relacionam com memória, imaginação, empatia, o inacabado, movimento e emoção) e a interconexão entre arte, ideologia e pós-modernismo.

É autor de Understanding Edgar Wind: Memories and Legacies, ed. por Fabio Tononi, Bernardino Branca e Jaynie Anderson, Oxford, Peter Lang; "A transformação das imagens na era do modernismo, pós-modernismo e reprodutibilidade digital", em On Portraiture. Teoria, Prática e Ficção. De Francisco de Holanda a Susan Sontag, ed. por Annemarie Jordan Gschwend e Fernando António Baptista Pereira, Lisboa, ULisboa, 2022; "Worringer, Dewey, Goodman, and the Concept of Aesthetic Experience: A Biological Perspective", ITINERA: Rivista di Philosophy e Teoria delle Arti, 23, 2022.