As Bíblias iluminadas do Românico, que as instituições portuguesas conservam, permanecem, na contemporaneidade como na Idade Média, como manuscritos de grande aparato. Além da sua dimensão religiosa, enquanto livro sagrado, estas obras revestem-se ainda de inquestionável interesse cultural e artístico. Trata-se, sem dúvida, de uma herança de particular significado que tem motivado e justificado o seu estudo ao longo dos tempos.

O conjunto de iniciativas agora anunciadas – exposição, colóquio e catálogo – sob a designação comum de Produção e circulação da Bíblia em Portugal. Itinerários dos manuscritos iluminados românicos, pretende dar a conhecer estes códices, sublinhar a sua importância a partir de diversas abordagens, salientar a produção e a circulação de textos e modelos artísticos, assim como os diversos usos conferidos pelas comunidades monásticas a que pertenceram.

A abordagem proposta, visa confrontar os códices do Românico com edições muito particulares de épocas posteriores e dar visibilidade a algumas das transformações da Bíblia ao longo de quase um milénio.

A Bíblia, cuja leitura e circulação – entre os séculos XII e as primeiras décadas do século XIII – se limitava ao uso nos espaços monásticos e só era mostrada em situações muito especiais, passou, gradualmente, a desempenhar novas funções e a chegar a mais leitores. Com o surgimento das edições impressas, em meados do século XV, o seu uso diversificou-se e universalizou-se o acesso aos textos.