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Eduardo Lourenço (1923-2020)

NOTÍCIA | 1 dez. '20

 

 

Eduardo Lourenço morreu a 1 de dezembro, deixando memória viva da sua contemporaneidade na diversidade de questões sobre Portugal e a cultura  que a sua vasta obra atravessa.


Ensaísta, questiona a identidade portuguesa e a sua projeção além-fronteiras, o imaginário cultural português, o fenómeno literário, particularmente o poético, as artes e as ideias. Com Heterodoxia I (1949) e II (1960) afirma-se como um dos espíritos lúcidos, críticos e inconformistas de uma geração marcada pela II Guerra Mundial e a ditadura. Filósofo da Cultura, a sua extensa bibliografia passa por reflexões sobre António Vieira, Camões, Herculano, Garrett, Antero de Quental, Oliveira Martins, Teixeira de Pascoais, António Sérgio e Fernando Pessoa, mas também pelo questionar de escritores contemporâneos. Da sua obra de ensaio destacam-se O Canto do Signo: existência e Literatura (1953), Pessoa Revisitado (1973), Fernando Pessoa Rei da Nossa Baviera (1986), Tempo de Poesia (1974), Os Militares e o Poder (1975), Poesia e Metafísica (1983), O Complexo de Marx ou o Fim do Desafio Português (1979), Nós e a Europa ou as Duas Razões (1990), O Labirinto da Saudade (1994), O Esplendor do Caos (1998), Portugal como Destino (1999). É diretor das revistas Finisterra: revista de reflexão e crítica (1988) e Estudos Anterianos (1998).


Formado em Ciências Histórico-Filosóficas em Coimbra, em 1946, é ali que Eduardo Lourenço inicia, logo no ano seguinte,  como assistente de Joaquim de Carvalho, um longo e notável percurso académico que se desenvolveu sobretudo em universidades estrangeiras: Bordéus (1949), Hamburgo (1953), Heidelberg (1954), Montpellier (1955), Baía (1958), Grenoble (1960-61; 1964-65). Fixou-se em Nice a partir de 1965, onde lecionou no Departamento de Estudos Hispânicos até à jubilação, em 1988.


Autor e obra foram amplamente reconhecidos entre os mais influentes da cultura portuguesa contemporânea, com prémios nacionais e estrangeiros. Em Portugal, recebeu, entre outros, os Prémios António Sérgio (1992), Camões (1996), Vergílio Ferreira (2001), Autores SPA (2011), Pessoa (2011), Universidade de Lisboa (2011). Foi também agraciado com as ordens portuguesas de Sant’Iago de Espada (1981, 2003), do Infante D. Henrique (1992) e da Liberdade (2014).


O Espólio de Eduardo Lourenço integra o Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea (ACPC) da Biblioteca Nacional de Portugal desde 2014. Acervo de assinalável dimensão - um dos mais extensos a integrar o ACPC - inclui grande quantidade de manuscritos do autor, alguns inéditos, compreendendo a documentação decorrente do processo de criação de praticamente toda a sua obra, desde finais dos anos 40 do século passado até aos nossos dias. Inclui, ainda, uma multitude de documentos que testemunham o seu percurso biográfico e académico, bem como as relações com os seus contemporâneos, designadamente através de um vastíssimo epistolário, durante décadas trocado com inúmeras personalidades nacionais e estrangeiras.


No seu conjunto, o Espólio de Eduardo Lourenço constitui um bem cultural fundamental para a investigação filosófica, literária, histórica, antropológica ou sociológica não só da obra do autor, mas do pensamento português dos séculos XX-XXI. Ainda em organização, o espólio tem reserva de consulta, sendo atualmente acessível apenas aos investigadores que preparam a edição da sua obra completa, em publicação pela Fundação Calouste Gulbenkian.