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Literatura Escrita por Mulheres

Enheduanna, a primeira escritora da história? Acção literária e política de uma poeta/princesa mesopotâmica

CICLO DE CONFERÊNCIAS | 24 nov. '20 | 18h00 | Encontro online
(https://bit.ly/2II9LTo //  ID da reunião: 843 4732 8805 // Senha de acesso: 590861)

Isabel Araújo Branco organiza a edição de 2020/2021 das conferências dedicadas a «Literatura Escrita por Mulheres», a quarta deste ciclo de encontros realizado no âmbito da linha de investigação «História das Mulheres e do Género», do CHAM-Centro de Humanidades NOVA.

A História tem vindo a ser escrita ao longo do tempo como um construto que generaliza a vivência humana através da padronização do e no masculino. História sem género, dir-se-ia, mas que afinal exclui as mulheres da história. A historiografia tem construído barreiras de análise cultural, social, religiosa e política que excluem as mulheres. 

Com coordenação de Maria Barreto Dávila, a linha de investigação «História das Mulheres e do Género», do CHAM pretende contrariar esta tendência e constituir-se como uma área de investigação inovadora e multidisciplinar.


Enheduanna, a primeira escritora da história? ...


A precoce invenção da escrita na Mesopotâmia, em cerca de 3200 a.C., originou uma profícua produção literária, desde muito cedo, neste espaço civilizacional. Ao longo dos séculos, múltiplas gerações de escribas cristalizaram, em signos cuneiformes, o imaginário mítico-religioso transmitido oralmente, no seio das suas comunidades. Tal, levou à produção de um corpus literário extraordinário e riquíssimo, que não só expressou as idiossincrasias culturais da terra Entre-os-Rios, como marcou de forma indelével as mentalidades de outros mundos da Antiguidade.

Habitualmente, alia-se a função de escriba aos agentes históricos masculinos, dado que as funções tradicionais das mulheres desta civilização estavam, em regra, circunscritas ao espaço doméstico. Contudo, ao longo dos mais de três mil anos que perfazem a história da antiga Mesopotâmia, são muitos os exemplos de mulheres que sabiam escrever e que produziam obra literária. Um desses casos, o mais antigo identificado até à data, é o da princesa Enheduanna, filha do primeiro unificador político deste território, Sargão de Akkad (c. 2300 a.C.).

Enquanto membro da família real, Enheduanna foi conduzida ao ofício de suma-sacerdotisa do templo da divindade lunar, na cidade de Ur. No âmbito deste cargo, produziu múltiplos hinos dedicados a vários deuses, que a levaram a ser reconhecida como poeta pelos próprios mesopotâmios, nos séculos seguintes. Partindo da análise destes hinos, pretendo avaliar a agência literária de Enheduanna, mas também a sua acção política, que contribuiu activamente para a afirmação da dinastia acádica.


Isabel Gomes de Almeida

É doutorada em História, área de especialidade História Antiga pela Universidade NOVA de Lisboa. Como professora auxiliar do departamento de História da NOVA FCSH, lecciona unidades curriculares de 1.º ciclo e seminários de 2.º ciclo relacionados com civilizações da Ásia antiga.

É investigadora integrada do CHAM – Centro de Humanidades (FCSH-UNL & UAc), integrando a sua direcção executiva, desde 2016. Nesta unidade de investigação, assume ainda funções de editora da revista Res Antiquititas- Journal of Ancient History (ISSN 1647-5852).

Na sua tese de doutoramento, A construção da figura de Inanna/Ištar na Mesopotâmia (IV-II milénios a.C.), analisou as representações do divino feminino na civilização de Entre-os-Rios, no âmbito da História das Religiões, campo onde se concentram os seus interesses de investigação.