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«Quem ler os livros que eu li»
Aproximações à biblioteca de Fernando Oliveira

EXPOSIÇÃO | 30 set. '19 - 29 fev. '20 | Sala de Exposições | Piso 3 | Entrada livre

 

Fernando Oliveira foi uma das mais curiosas figuras do nosso século XVI. Nascido por volta de 1507, talvez em Aveiro, desenvolveu estudos no convento dominicano de Évora, provavelmente ao longo da década de 1520. Por volta de 1532, Oliveira abandonou a vida conventual e partiu para Espanha. Mais tarde viria a obter autorização da hierarquia eclesiástica para passar a ser clérigo regular. Já se encontrava em Portugal quando em inícios de 1536 foi impressa em Lisboa a sua Grammatica da lingoagem portuguesa (cujo único exemplar conhecido se conserva na BNP). Aí por 1541, Oliveira partiu com destino a Itália, mas não chegou ao seu destino. Capturado por navios franceses no Mediterrâneo, aparece nos anos seguintes ao serviço da marinha francesa e depois da marinha inglesa. Estava de novo em Lisboa em 1547, quando foi preso pela Inquisição, na sequência de acusações de heresia que sobre ele foram lançadas, e que só seriam levantadas em 1551. Fixou-se em Coimbra, onde em 1555 publicava a Arte da guerra do mar, um inovador tratado que incluía uma ampla variedade de informações sobre temas náuticos (de que a BNP conserva um exemplar).

 

Pouco se consegue apurar sobre Fernando Oliveira depois de 1555. Na década de 1570 trabalhou assiduamente em diversas obras. Por um lado, escreveu a Ars Nautica, um extenso manuscrito em latim, cujo autógrafo se conserva na biblioteca da Universiteit Leiden, nos Países Baixos, que inclui em apêndice uma relato sobre a viagem de Fernão de Magalhães. Por outro lado, escreveu também o Liuro da fabrica das naos, desta vez em língua portuguesa, cujo manuscrito autógrafo que se conserva na BNP. Nos últimos anos da sua vida, por volta de 1580, Oliveira redigiu os seus dois últimos escritos, ambos de natureza historiográfica, que na época ficaram inéditos, e que se conservam na Bibliothèque Nationale de France. Por um lado, escreveu um Livro da antiguidade, nobreza, liberdade e immunidade do reyno de Portugal; por outro lado, preparou uma Hestorea de Portugal recolhida de escriptores antigos e cronicas aprovadas.


Nas suas produções escritas, o clérigo português cita e/ou utiliza uma alargada panóplia de autores antigos e modernos. Fernando Oliveira, de resto, estava bem consciente da sua erudição, pois logo em 1536 anunciava na sua primeira obra publicada: «eu não dou licença que alguém possa ser meu juiz, senão quem ler os livros que eu li, e com tanto trabalho e tão bem ou melhor entendidos». A presente exposição ensaia uma recomposição do universo livresco de Fernando de Oliveira, incluindo não só os seus próprios escritos, mas sobretudo os muitos títulos que são convocados nas suas obras e que teria consultado ou mesmo possuído em algum momento do seu complexo percurso existencial. Trata-se da reconstituição de uma ‘biblioteca virtual’, que procura mostrar obras do espólio da BNP que poderiam ter sido lidas por Oliveira, ou seja, com data de edição sempre anterior à da respetiva menção em escritos deste autor.

 

Rui Loureiro