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Fernando Echevarría nasceu em 1929, em Cabezón de la Sal (Espanha). Estudou Humanidades, em Portugal, e Filosofia e Teologia, em Espanha. Exilado em Paris, em 1961, dedicou-se à docência e dividiu as suas atividades entre França, Argélia e Portugal. Colaborou em publicações como
Graal,
Cadernos do Meio-Dia,
Eros ou
Colóquio/Letras.
As primeiras obras do autor, precursoras das tendências futuras e emergentes num momento de balanço das vertentes poéticas que atravessaram a década de 50, trazem a novidade do poema curto. Como sublinha Fernando Martinho, a poesia de Echevarría assenta «em insólitos
enjambements, no amplo recurso à frase nominal, e na estranheza das imagens com que procurava expressar-se, em rude e humaníssima linguagem, o diálogo com o divino».
As metáforas verbais, o amplo uso da frase nominal, a disciplina rítmica e rimática, o jogo dialético das palavras reiteradas no poema,
são algumas das caraterísticas de uma poética que tem sido frequentemente inserida num movimento neobarroco na sua dupla fonte: a do contacto direto com a tradição gongórica e a da releitura depurada dessa tradição efetuada pela geração espanhola de 27 (cf. Fernando Guimarães - «Fernando Echevarría», in
Dicionário de Literatura Portuguesa, Lisboa, 1996).
Mas pode ainda aproximar-se Echevarría de outras duas tendências contemporâneas: a do desenvolvimento de uma poesia reflexiva, a que subjaz a especulação filosófica, e que aproxima o autor de alguns colaboradores de Eros, como Fernando Guimarães ou António José Maldonado (tendência agudizada nos últimos títulos:
Introdução à Filosofia e Fenomenologia); e a vertente da compreensão, muitas vezes coincidente com a primeira tendência, na esteira do simbolismo mallarmiano, da poesia como um instrumento de conhecimento, na decifração de uma dimensão absoluta e de uma verdade metafísica que podem ser entrevistas pelo uso do símbolo na condensação intensiva de todas as irradiações significativas de certas palavras.