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18 jul. - 18 set.
2.ª - 6.ª 09h30 - 17h30
sáb.  Encerrado

Folha de sala

 

Cartaz / Convite

 

 

Visitas guiadas por Joel Lima

12 jul. | 11h00
24 jul  | 11h30

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Apoio:


A três vinténs
100 anos de fascículos de aventuras em Portugal

EXPOSIÇÃO  | 4 jun. - 14 set. '18 | 18h00 | Galeria do Auditório | Entrada livre

 

É através dos folhetins publicados nos jornais dos anos 40 do século XIX em França que o romance moderno alarga as suas formas de chegar ao grande público. Esta prática evoluiu progressivamente para os fascículos semanais, quinzenais e mensais, que versavam sobre os mais variados temas, da pirataria ao romance passional, da guerra, ao Oeste norte-americano, do policial à intriga, e criavam no espírito do leitor o desejo de colecionismo.

Os fascículos no mundo


Os fascículos de aventuras tiveram o seu início na segunda metade do século XIX nos Estados Unidos, com a criação das chamadas dime-novels, revistas cujo sucesso em número de títulos e tiragens atingiu valores astronómicos até quase ao final do século.


O mercado viria ainda a sofrer uma enorme alteração quando foi posta à venda uma nova revista que em vez de 10 cêntimos (dime) custava metade. Chamava-se Tip Top Weekly. Foi nas páginas destas publicações que seriam narradas as aventuras de algumas personagens que se tornariam célebres: Texas Jack, Buffalo Bill, Nick Carter, Billy the Kid, etc... Quem escrevia os argumentos tinha de contar as aventuras de uma forma que cativasse o público-leitor. Através destes fascículos, com capas contendo cenas apelativas e, algumas vezes, mórbidas, o leitor conseguia uma forma de distração a preços módicos.


Mais tarde, o fenómeno atinge a Europa através de Alwin Eichler, um editor sediado em Dresden, na Alemanha, que, conseguindo os direitos de publicação das personagens editadas na América, lançou, em 1906 e 1907, algumas edições no seu país e em França, onde criou uma sucursal. O sucesso foi imediato e outras editoras surgiram no mercado com novos títulos e novas personagens, incluindo Sherlock Holmes (não o criado por Conan Doyle), Raffles (Lord Lister), Nat (Pinkerton), com nomes ou títulos diferentes, pouco se conhecendo sobre os escritores das histórias.


Todo este sucesso levou a que começassem igualmente a ser lançados no mercado fascículos de personagens desconhecidas criadas por autores nacionais, de que são exemplos: Les Dossiers du Roi des Détectives, uma imitação das aventuras vividas por Sherlock Holmes, Stoerte-Becker, ou Aventures de Morgan le Pirate e Les Indiens. Acresce Le Tour du Monde de Deux Gosses, talvez uma das séries mais célebres no nosso país, e depois um conjunto de títulos: Le Corsaire Sous-Marin, Le Tour du Monde en Aéroplane, Fantômas, Sâr Dubnotal, etc.

 

Os fascículos em Portugal


A tendência verificada na Europa de se publicarem fascículos de aventuras ou policiais, cada um com um episódio completo, levou a que em Portugal alguns editores lançassem no mercado algumas dessas séries inicialmente ao preço de 3 vinténs (60 reis) por fascículo, acabando estes fascículos de aventuras por ficarem conhecidos como «literatura a 3 vinténs».


Deste modo, foram proliferando as aventuras de várias personagens, editadas, a partir de 1909, pela Tipografia Lusitana (propriedade de Miranda e Sousa), pela Guimarães, pela Universal, pela Beleza, etc... Foram assim surgindo: Aventuras Extraordinárias de um Polícia Secreto (Sherlock Holmes), Arsénio Lupin, Texas Jack, Raffles-Lord Lister, Nick Carter, Capitão Morgan, Miss Boston, Lord Jackson, Eva Nina, etc..., quase todos traduzidos das edições originais publicadas na Alemanha, em França ou em Espanha. São de criação portuguesa, entre outros, Jack, o Estripador, que intruja Sherlock Holmes (Arménio Monteiro), o Visconde Silvestre (Maria O'Neill), Jim Joyce e As Aventuras Extraordinárias do Mosqueteiro do Ar!! (Reinaldo Ferreira, Repórter X) e Dynamite Joe (Roussado Pinto e Orlando Marques). Outras séries seriam igualmente lançadas no nosso país: Toto Fouinard, Patrick Osborne, Sâr Dubnotal, Dick Turpin, Stoerte-Becker, Sir Fantasm, Búfalo Bill, etc.


Estes fascículos desempenhavam o papel que hoje têm o cinema e a televisão, e, só com uma única ilustração, tinham de conseguir seduzir o leitor. Nenhuma destas coleções de fascículos, porém, chegaria a atingir o número de edições e as tiragens dos Estados Unidos ou mesmo do resto da Europa, mas, mesmo assim, houve coleções que conseguiram um êxito significativo junto do público português, nomeadamente, A Novella Popular, Texas Jack e o Capitão Morgan, considerando os 209 episódios da primeira, os 120 da segunda e os 109 da terceira, sem considerar as reedições que ao longo dos anos foram impressas.


É um pouco da história deste género de literatura popular que esta exposição pretende retratar numa parceria da Biblioteca Nacional de Portugal e o Clube Português de Banda Desenhada. São seus comissários Carlos Gonçalves, Joel Lima e Paulo Cambraia. As obras expostas são pertença da BNP e das coleções particulares de Américo Coelho, Aurélio Lousada, Carlos Gonçalves e Joel Lima.