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Timor / Portugal: ontem e hoje

MOSTRA | 27 maio - 31 ago. '16 | Sala de Referência | Entrada livre
CONFERÊNCIA Timor / Portugal: uma viagem de longo curso por Fernando Augusto de Figueiredo
| 16 jun. | 18h30 | Auditório BNP | Entrada livre

Os primeiros contactos entre portugueses e timorenses ocorreram no início do século XVI. Naquelas distantes terras, situadas no caminho das Ilhas Molucas, procuraram os portugueses obter madeira de sândalo e fazer novos cristãos.

A cristianização, levada a efeito por frades dominicanos, fundou comunidades na ilha de Solor, em Sica e Larantuca (na ilha das Flores), e no litoral norte da ilha de Timor. Por sua vez, o comércio do sândalo, terminado o exclusivo dos comerciantes de Macau, após 1638, dava lucros sobretudo aos negociantes holandeses e bugis (das Celebes).

No início do século XVIII, a coroa portuguesa começou a nomear governadores para a capitania de Timor e Solor. Mas os rivais holandeses, que se haviam estabelecido em Cupang em 1650 e tomado a parte ocidental da ilha, bem como os pequenos potentados locais (The Topasses), levaram a que os portugueses abandonassem a capital Lifau, indo estabelecer-se em Díli (1769).

O chamado «ciclo do sândalo», cada vez com menor expressão, manteve-se praticamente até meados do século XIX. Política e administrativamente, a dependência do território, confinado apenas à metade oriental da ilha de Timor e ao enclave de Oé-cússi, desde a assinatura do tratado com a Holanda (1859), e submetido quer à Índia quer a Macau, não favoreceram a implantação portuguesa, que quase se confinava a algumas localidades do litoral norte e a uma ou outra pequena região do interior ou da costa sul. O mesmo acontecia com a missionação e o ensino, sempre com falta de obreiros, que iam de Goa ou Macau.

Assim, a influência portuguesa foi muito limitada, coexistindo com uma administração indígena e com costumes e práticas locais muito arreigadas, que a compartimentação territorial facilitava. Entretanto, o «ciclo do café», com grande envolvimento dos indígenas, dada a ancestralidade da posse e da distribuição da terra, ia substituindo o do sândalo.

A presença portuguesa só se tornou efetiva em todo o território desde a governação de Celestino da Silva (1794-1908), após as campanhas de ocupação e «pacificação». Com ela foram também feitas tentativas de criar uma colónia de plantação, com companhias nacionais. Por sua vez, o esforço de missionação, liderado pelo futuro bispo Medeiros, com padres idos de Cernache do Bonjardim, expandiu a religião católica e o ensino pelas regiões submetidas.

No período da administração republicana, continuaram, basicamente, as mesmas linhas de orientação no relacionamento entre colonizador e colonizado, apostando-se bastante no apoio ao desenvolvimento económico e na melhoria da condição social dos indígenas.

Com o Estado Novo, a colónia tendia a ser autónoma, mas os fracos resultados económicos e a demasiada dependência dos mercados vizinhos, com o quase monopólio do café a subsistir, levaram a colónia a endividar-se perante a Metrópole e outras colónias. Já a missionação e o ensino, bem como a saúde, dispuseram de apoios que, até então, não haviam tido.

Após a reocupação, em 1945, foi necessário proceder a uma profunda reconstrução e restruturação de todos os setores. A adesão dos indígenas tem que ser entendida no contexto das difíceis condições regionais e internacionais, causadas pelo conflito. Mas, a partir da década de 1960, os movimentos de descolonização viriam colocar em causa, ainda que numa complexa teia de interesses regionais e internacionais, as bases de uma convivência ancestral.

Após a sua retirada, em 1975, e perante a sangrenta ocupação indonésia, Portugal tentou manter viva a «questão de Timor» nos organismos internacionais e apoiar os timorenses que demandavam o seu território para aqui ficarem ou seguirem sobretudo a caminho da Austrália.

No pós-Referendo de 1999, Portugal assumiu a condição de principal país doador, tendo, desde então, mantido uma cooperação bilateral e multilateral como membro da União Europeia. Esse apoio tem assumido também várias áreas, desde a administração, ao ensino e à agricultura.

Fernando Augusto de Figueiredo