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Horário

2.ª - 6.ª: 09h30 - 19h30

sáb.: 09h30 - 17h30

 

 

Visitas guiadas
por Luís Costa Dias
18 fev. : 15h00 / 18h00
3 e 17 mar. : 15h00 / 18h00

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Folha de sala

 


Os Intelectuais Portugueses e a Guerra 1914-1918

MOSTRA | 21 jan. - 30 abr. '16 | Sala de Referência | Entrada livre


Decorrem cem anos sobre a I Guerra Mundial (1914-1918), precisamente agora no centenário do ano em que Portugal entrou na grande frente europeia do conflito com a declaração de guerra da Alemanha ao nosso país.

Mas esta não é uma exposição sobre a Guerra.

O objetivo desta mostra é ilustrar, a partir de um estudo detalhado, mas sistematizados os seus materiais mais relevantes, a relação tecida entre os intelectuais portugueses e a guerra que, na época, foi correntemente designada por «grande conflagração europeia». Não podem, evidentemente, perder-se de vista as posições da intelectualidade dos principais países intervenientes no conflito, sem no entanto aceitar, como ponto de partida, que a especificidade das condições portuguesas teria seguido realidades alhures.

A vantagem está em não seguir modelos, exceto os que se prendem com a perspetiva teórica em que se reconhece a orientação científica dada por Luís Augusto Costa Dias: por um lado, que a história cultural, incluindo a história dos intelectuais, se inscreve no social e, por outro lado, que a textura cultural dos fenómenos não termina na produção e na ação das grandes figuras criadoras e nas correntes continuadas, mas está também presente em expressões mais individualizadas, nas vozes menos consagradas, mesmo nos outsiders, na peculiaridade dos objetos culturais criados, na efemeridade em que se inscrevem, na transitoriedade das expressões fugazes.

Admite-se aqui um limite (de tempo e espaço). A relação dos intelectuais com um acontecimento de incidência política de proporções tão vastas, obriga a questionar que tipo de intelectuais é o de que se fala, quando se fala nos intelectuais do princípio do século XX português. Não obstante a importância de uma resposta à questão – porquanto ela implica definir o estatuto simbólico em que se reviam as elites intelectuais da época – valerá adiantar a hipótese, de que aqui se parte, de que o estatuto intelectual dominante no período da I Guerra Mundial é, no nosso país, o de um «publicista», um «notável» de sobrevivência romântico-liberal, em crise de valores simbólicos ainda não superados, num contexto de transição. Mas a advertência permite chamar a atenção para quanto de conservador ou serôdio se esconde, sob a capa de atitudes progressivas, nas condições históricas portuguesas de então.

Será necessário lembrar que não ocorrera ainda no nosso país (ou estava em curso nesse momento) uma mutação no capital simbólico dos intelectuais que a questão da guerra porventura ajudaria a cristalizar na consciência e na formulação de um novo estatuto «intelectual»?


Cabeçalho: pormenor de [Nas trincheiras] de Menezes Ferreira. Ilustração nas guardas da obra João Ninguém. Soldado da Grande Guerra (BNP L. 6116  A.)