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Centenário de Quim e Manecas de Stuart Carvalhais

CONFERÊNCIA | 30 nov. '15 | 18h30 | Auditório BNP | Entrada livre

Conferência por João Paulo Paiva Boléo sobre Quim e Manecas, ainda hoje os mais populares e conseguidos heróis da BD portuguesa.

Assim como se pode dizer que o século XX começou verdadeiramente em 1914, com a Grande Guerra, a Banda Desenhada (BD) portuguesa entrou no século XX com Quim e Manecas do grande artista gráfico Stuart Carvalhais (Vila Real, 1887-Lisboa, 1961).

Quim e Manecas foram criados n'O Século Cómico em janeiro de 1915. Até junho de 1916 tratou-se de uma publicação autónoma de formato tabloide. A partir de julho desse ano, foi integrado na Ilustração Portuguesa, em formato de revista. Quim e Manecas, série com mais de 500 episódios espalhados por vários jornais e revistas, que durou até 1953, terminou a primeira fase logo a seguir ao Armistício, em novembro de 1918.

Esta obra de Stuart, que não só revoluciona a banda desenhada portuguesa como a coloca na vanguarda da BD europeia, pode ser considerada a grande banda desenhada republicana, não só pela sua durabilidade e qualidade, mas porque reflete acontecimentos, posicionamentos, perplexidades e interpelações intimamente ligadas a esse período da História portuguesa. É o Portugal político, social, cultural que está presente, são os anos coincidentes com a I Guerra Mundial que têm uma presença central. Quim e Manecas são apoiantes de Afonso Costa, por quem são condecorados, e não só participam na Grande Guerra como o fazem antes de Portugal, dando um contributo decisivo para a vitória dos Aliados.

A utilização sistemática dos balões nas primeiras 27 pranchas não pode ser menosprezada no contexto da história da BD europeia. Mas os méritos transcendem esse importante aspeto. À qualidade e sedução literária do texto, com vários níveis de leitura, tendo a importante participação de Acácio de Paiva (Leiria, 1863 - Olival, Ourém, 1944), diretor d'O Século Cómico, alia-se o traço fácil e expressivo, a construção da sequência e da prancha como um todo, a modernidade de ritmo, a qualidade, leveza e agilidade gráfica, a beleza e o domínio dos recursos específicos da BD, a harmonia estética e cromática de muitas páginas, um humor que transparece não só do texto e dos diálogos mas das próprias personagens, das situações, da ação, a ternura das figuras principais, que fazem de Quim e Manecas, com e sem balões, uma das grandes e mais significativas obras da Arte portuguesa do início do nosso modernismo e da nossa modernidade.
 
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