Apresentação por José Eduardo Franco da obra Terramoto Doutrinal. A Carta dogmático-política (1755) do P. João Moutinho contra a Inquisição, de Carlos A. Moreira Azevedo, numa edição Círculo de Leitores - Temas e Debates.
A vida e a obra do padre João Moutinho conjugam abertura mental, erudição e ironia perante a Inquisição, o Estado e a Igreja no Portugal do século XVIII.
Nesta apaixonante e inédita investigação, o portuense João Moutinho (nascido em 1698) passa de um quase desconhecido a um rocambolesco e provocante autor de longa carta aberta ao rei D. José I (1755). Verdadeiro caso de polícia viria a ser o início da edição, em Florença, da obra em português: Carta dogmático-política. Original é a sua ironia para com a Igreja portuguesa que considera herética, por manter a Inquisição. A produção da obra foi interrompida pela Inquisição, mas o autor conseguiu retirar 90 exemplares à tipografia, do já composto, e enviar, mesmo incompleto, ao rei, ao marquês de Pombal e a amigos. Todo o resto foi destruído. À aventura da vida deste errante oratoriano corresponde hoje a aventura de obter documentos dispersos para conhecer as ideias de quem Pombal quis apagar a memória, fazendo-o morrer no Castelo de Sant’Angelo, em Roma, em data desconhecida.
Uma obra destinada a todos os que se interessam por temas de história e religião, e em particular sobre a questão da Inquisição.
Carlos A. Moreira Azevedo nasceu em 1953. Foi ordenado padre em 1977e doutorou-se em 1986 na Faculdade de História Eclesiástica da Universidade Gregoriana, em Roma. Professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa desde 1987 e vice-reitor da mesma Universidade (2000-2004), foi presidente da direção do Centro de Estudos de História Religiosa (1992-2001). Dirigiu as obras Dicionário de História Religiosa de Portugal e História Religiosa de Portugal, editadas pelo Círculo de Leitores em 2000. Foi bispo auxiliar de Lisboa (2005-2011), secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (2005-2008) e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social (2008-2011). Nomeado delegado do Conselho Pontifício da Cultura, partiu para o Vaticano em 2011. É membro da Comissão Pontifícia de Arqueologia Sacra desde abril de 2015.