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Biblioteca Nacional de Portugal

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Horário

2.ª - 6.ª 09h30 - 19h30

sáb.  09h30 - 17h30

 

Colóquio Antero e a cultura crítica do século XIX

 

Folha de sala

 

 

 

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O IELTé financiado por Fundos Nacionais através da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do projecto PEst-OE/ELT/UI0657/2015

 

 

 


A questão do Bom senso e bom gosto

MOSTRA | 10 ago. - 2 out. '15 | Sala de Referência | Entrada livre

A Questão Coimbrã, nome pelo qual a polémica ficou conhecida na época, é uma das mais renhidas batalhas do século XIX que se manteve acesa durante quase um ano numa guerra de opúsculos, artigos, folhetins, defendendo ou atacando as duas personalidades em foco – António Feliciano Castilho e Antero de Quental.

Em boa verdade, o desencontro de palavras e conceitos começara já em meados de 1865 com as intervenções de Manuel Pinheiro Chagas, um dos protegidos de Castilho, em folhetins nos jornais de Lisboa, ridicularizando Antero de Quental e Teófilo Braga chamando “tisanas filosóficas” aos conceitos expressos nos prefácios dos seus livros de poesia. Estes pontos de vista não correspondiam aos cânones defendidos por Castilho e a sua corte de jovens literatos, ansiosos por agradar ao “patriarca das letras” que, de Lisboa, fustigavam os coimbrões. A poesia devia ser entendida por todos “sem idealidades e abstracções mascaradas em literatura e poesia”.
Assim se expressava Castilho na carta enviada ao editor António Maria Pereira, felicitando-o pela publicação do medíocre livro de Manuel Pinheiro Chagas Poema da Mocidade. Nessa extensíssima carta, semeada de citações, principalmente latinas, aproveita para afirmar que a poesia andava com o “fastio de morte à verdade e à simplicidade” e que Antero e Teófilo voam muito alto, mas não se sabia qual seria o seu destino.

Estas opiniões provocaram a indignação de Antero que respondeu com o violento opúsculo Bom Senso e Bom Gosto, o outro título pelo qual também é conhecida a polémica. Explica que a atitude do “patriarca das letras” deriva do facto de jovens escritores - “hereges das letras” - se revoltarem contra as autoridades literárias e ousarem seguir a sua carreira intelectual sem pedir autorização a ninguém. Acusa ainda Castilho de se ter feito chefe de uma cruzada “tão desgraçada e mesquinha”.

As duras palavras de Antero deram lugar a intervenções, umas indignadas outras elogiosas, em que participaram intelectuais como Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Camilo Castelo Branco, Brito Aranha, Eduardo Vidal e muitos outros. Os diferentes pontos de vista sobre a literatura ajudaram a enterrar a poesia passadista e criaram as condições para a afirmação da que viria a denominar-se Geração de Setenta.

Maria José Marinho

Cabeçalho: pormenor do Pátio das Escolas, Coimbra, 1859 (in «Antero de Quental. Fotobiografia», Ana Maria Almeida Martins, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Câmara Municipal de Ponta Delgada, 2008
 
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